Níveis de fluoretos na água de abastecimento público e em águas engarrafadas, consumo destas águas e impacto na ocorrência de cárie dentária: estudo no sul do Brasil
Resumo
Objetivou-se analisar o teor de flúor nas águas de abastecimento e engarrafadas e investigar se o consumo destas influencia na prevalência e severidade de cárie
dentária em crianças no Sul do Brasil. As coletas de águas de abastecimento foram realizadas em 16 locais, incluindo três Estações de Tratamento de Água. Cinco marcas, com e sem gás, de águas engarrafadas disponíveis em Pelotas/RS foram adquiridas. Realizou-se mensurações por 12 meses (julho de 2013 a junho de 2014)
em duplicata. Utilizou-se um eletrodo Orion 96-09 acoplado em um analisador de íons Orion EA-940 (Thermo Scientific Inc., Waltham, USA) para aferição. Frequências
mensais dos níveis de fluoreto foram obtidas. Em 2009, realizou-se um estudo transversal aninhado na coorte de nascidos vivos de 2004 em Pelotas/RS, com
amostra de 1.123 crianças examinadas clinicamente e as mães entrevistadas.
Coletou-se variáveis demográficas, renda familiar, saúde oral das mães, hábitos de higiene oral e o tipo de água ingerido pelas crianças, além do desfecho (cárie dentária). Foram realizadas análises descritivas, bivariada e multivariável por meio do pacote estatístico Stata (versão 12.0). Os resultados demonstraram uniformidade da concentração de fluoreto nos pontos de coletas da água de abastecimento público, sendo que em 15 deles, a concentração esteve localizada dentro dos valores
indicados como de maior benefício anticárie e menor risco de fluorose. Nas águas engarrafadas, houve inconstância da concentração de fluoreto. Apenas uma marca
comercial (com e sem gás) apresentou valores indicados como benefício anticárie e risco de fluorose, enquanto nas outras marcas houve ou nível insuficiente ou acima
do recomendando. Em relação ao ESB-09, a maioria das crianças ingeriram água de 10 abastecimento público (74.7%), porém as crianças mais ricas bebiam mais
frequentemente água engarrafada. A prevalência de cárie foi de 48,4% (n=543), com ceos médio = 4,06. A tipo de água ingerida não esteve associado com a prevalência e severidade de cárie na dentição decídua nestas crianças. O controle dos níveis de fluoreto na água de abastecimento público em Pelotas tem sido bem realizado e população recebe água dentro de concentrações adequadas de fluoretos. No entanto, os níveis de fluoreto nas águas minerais parecem inconstantes e inadequados e a fiscalização mais rigorosa deveria ser realizada pelos órgãos de controle. O tipo de água consumida (se de abastecimento público ou engarrafada) não parece influenciar a ocorrência da cárie dentária na infância.
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