Avaliação do uso de tecidos dentários animais como substitutos a dentes humanos em testes in vitro: revisão sistemática e metanálise

Visualizar/ Abrir
Data
2018-04-28Autor
Farias Junior, Celaniro Borges de
Metadata
Mostrar registro completoResumo
Embora muitos estudos avaliem a possibilidade de dentes animais serem utilizados como substitutos a dentes humanos na literatura, não há uma resposta clara acerca de qual espécie, qual tipo de dente e para quais tipos de análise os substitutos animais podem ser utilizados. O objetivo deste estudo foi revisar sistematicamente a literatura in vitro para avaliar se há evidência que embase o uso de dentes animais como substitutos a dentes humanos em testes laboratoriais. A revisão foi realizada de acordo com as orientações do manual Cochrane e reportada com base no PRISMA Statement. Três bases de dados internacionais foram usadas: MEDLINE /PubMed, ISI Web of Science e SciVerse Scopus. Foram incluídos estudos que avaliavam tecidos dentários duros (esmalte e/ou dentina) de dentes animais comparados com dentes humanos, envolvendo análises químicas, físicas, estruturais ou morfológicas em testes in vitro. Após a triagem de 2834 títulos únicos,57 artigos foram incluídos nesta revisão sistemática, sendo 57 submetidos à análise qualitativa e destes 15 estudos incluídos na síntese quantitativa (metanálise). Considerando que, havia muita heterogeneidade entre os estudos, a extração de dados foi realizada de acordo com fatores considerados relevantes: substrato dentário animal (diferentes espécies), dentição (decídua ou permanente), tipo de dente animal e humano, variável-resposta, grupos e tratamentos testados, entre outros. As análises quantitativas foram separadas em resistência de união, propriedades mecânicas e de superfície e outras propriedades e características dos tecidos dentários, sendo reportados para estes desfechos médias, desvio-padrão e
tamanho amostral (n). Adicionalmente, foram extraídos separadamente dados qualitativos presentes nos estudos. Como a maioria das análises envolviam apenas dentes bovinos, a metanálise foi restrita ao substrato bovino como substituto animal aos dentes humanos. A heterogeneidade estatística dos efeitos do substrato entre os estudos foi determinada usando o teste-Q de Cochran e a inconsistência através do teste I2, em que valores maiores que 50% foram considerados como indicativos de heterogeneidade substancial. Ao fim do estudo, percebe-se que não há evidências tão abrangentes assim na literatura que permitam conclusões tão específicas, que ficam limitadas a dentes bovinos, que perfizeram 80,7% de todas as comparações com dentes humanos; à dentição permanente, seja de dentes humanos ou animais, que correspondeu à 89,5% das comparações em que o tipo de dentição foi informada pelos autores; a dentes humanos posteriores, que corresponderam a 83,6% da amostra, comparados a dentes anteriores animais, que corresponderam a 96,6% de todas as comparações aqui presentes. Considerando essas limitações, o resultado da literatura revisada sugere que não há evidência suficiente que suporte o uso de tecidos dentários animais que não sejam bovinos em 8
testes laboratoriais na pesquisa odontológica; que a dentina bovina parece substituir bem a dentina humana, enquanto o esmalte bovino apresenta mais limitações na substituição do esmalte humano; o uso de dentes bovinos, especialmente dentina, parece ser bem suportado para testes laboratoriais envolvendo adesão e propriedades mecânicas ou da superfície dos dentes e que toda e qualquer análise laboratorial que utilize dentes animais como substitutos a dentes humanos deve levar em consideração as diferenças estruturais e morfológicas existentes entre os tecidos.
Collections
Os arquivos de licença a seguir estão associados a este item: