Entre as lajotas do Monte Serrat : narrativas e materialidades na construção da cidade em Florianópolis.
Resumo
A comunidade do Monte Serrat, localizada na área central de Florianópolis, se notabilizou ao longo das últimas décadas por processos de organização comunitária em que a construção de narrativas identitárias conflitantes com as narrativas oficiais da cidade misturam-se com a própria produção de sua urbanidade. Historicamente formada por famílias negras e em situação de vulnerabilidade social que ocuparam a encosta do Morro da Cruz desde os anos 1920, o Monte Serrat se destaca pelo frequente recurso a um passado constituinte de uma autoproclamada cultura de luta, solidariedade e autonomia. Interações etnográficas diacrônicas com as dinâmicas sociais da comunidade permitem perceber maneiras pelas quais a visibilização de modos de habitar deslegitimados pelo discurso oficial da cidade, principalmente pela mediação de entidades como a Escola de Samba, a Igreja e o Conselho Comunitário, tem agenciado conquistas que se traduzem na materialidade do morro, abrangendo casas, edificações de uso coletivo, espaços públicos e infraestrutura. Nesse sentido, o Monte Serrat tem conseguido, por meio da construção de narrativas pautadas na ressignificação do passado, apropriar-se da produção do território, nem sempre em conformidade com as formas de ordenamento legitimadas pelas narrativas oficiais, em um contínuo processo de fazer-cidade.
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