O espetáculo turístico do Patrimônio Cultural da Humanidade: preservar para atrair os consumidores de passado.

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Data
2016-03-22Autor
Figueira, Michel Constantino
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O processo de espetacularização turística do Patrimônio Cultural da Humanidade,
fenômeno resultante de programas e produções político-econômico-estéticas sobre
o espaço de cidades históricas é o objeto central dessa tese. Parte-se da tese de
que todo processo de patrimonialização universal executado pela Organização das
Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) possui fins e
consequências econômicos através do mercado turístico. Enquanto tecnologias
modernas de governo, patrimonialização e turismo congregam-se, produtiva e
estrategicamente, para o atendimento a um mercado consumidor àvido por produtos
e processos que exaltam a imagem do passado. E a projeção dos destinos turísticopatrimoniais
– neste caso, os conjuntos urbanos que legitimam politicamente uma
cidade histórica – ampara-se em modernos mecanismos de produção sobre o
passado. Esses mecanismos capitalizam a realidade a partir da formação de uma
imagem que traduz-se como real, mas que nada mais representa do que uma
espetacularização universal fabricada e conduzida pelos representantes da etnologia
de urgência – patrimonializadores – que, legitimados pelo Estado e associados a
industria do turismo consolidam as cidades patrimoniais da humanidade como
museus á céu aberto, dignos de preservação, mas com perspectivas pragmáticas de
atração. A realidade dialética do turismo patrimonial determina-se, ainda, pela
condição histórica da necessidade humana moderna pelo deslocamento e pelo
contato e consumo de tudo que remeta a uma antiguidade. Ou seja, a interpretação
da realidade irreal do turismo patrimonial é baseada no entendimento de que esse
fenômeno, assim como os elementos que o formam – patrimônio e turismo –,
representa uma simulação de um processo temporo-espacial simulado. Para todos
os envolvidos na produção espetacular do turístico-patrimonial há uma ideologia,
uma interpretação imaginária e ilusória de que o patrimônio é a história e a
identidade e o turismo sobre ele, uma panaceia forjada na posse temporária do
outro, da diferença, do passado. Através da metodologia da dialética regressivaprogressiva,
buscou-se aqui, identificar, caracterizar, analisar e explicar os
elementos (categorias) que contribuem, social e historicamente, para o processo de
espetacularização turística do Patrimônio Cultural da Humanidade. Ou seja, quais
medidas adotadas pelos governos, fases de projeção turística, qual o perfil dos
viajantes, quais as necessidades e condições estruturais, produtivas, promocionais e
mercadológicas amparam esse processo e quais os seus resultantes sociais,
econômicos, culturais e políticos. Nesse processo dialético, resultou-se que a
espetacularização turística do Patrimônio Cultural da Humanidade depende de um
conjunto estratégico de ações político-governamentais, condicionantes históricosociais
e resultantes mercadológicos que convergem, no seio da sociedade
moderna, para materializar uma complexa e espetacular produção turísticopatrimonial.
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