Homens autores de violência e a representação social sobre a participação em grupos reflexivos
Abstract
A violência contra as mulheres ocupa um lugar de destaque nos problemas enfrentados nacional e internacionalmente, o Brasil no relatório da violência contra mulher alcança a triste 5ª posição do país em que mais mulheres morre, com a taxa de 4,8 homicídios a cada 100 mulheres. Especificamente sobre a legislação brasileira em combate a violência doméstica foi promulgada em 2006 a lei denominada Lei Maria da Penha, foi a partir da legislação que os grupos reflexivos para os homens autores de violência passaram a ter maior visibilidade no Brasil. Os grupos têm por objetivo auxiliar na compreensão do ato de violência e ressignificar as formas de agir perante conflitos. Por tratar-se de um fenômeno social, utilizou-se da Teoria das Representações Sociais de Serge Moscovici. Nosso objetivo com o trabalho foi buscar compreender qual a representação social dos homens autores de violência sobre sua participação nos grupos reflexivos, quem são esses homens, suas histórias de vida e o que consideram como aprendizado adquirido nos grupos. Trata-se então de uma pesquisa qualitativa, realizada no período de Julho e Agosto de 2019, como forma de coleta utilizou- se a entrevista narrativa com 13 homens autores de violência que concluíram sua participação nos grupos reflexivos em um município da metade Sul do Rio Grande do Sul, que realiza o trabalho com homens autores de violência desde o ano de 2014.Os dados foram transcritos e analisados a partir da análise proposta por Cardano. Como resultados principais encontramos que a maior parte dos homens autores da violência tem baixa escolaridade e abandonaram os estudos para passar a dar o sustento a sua família de origem. Eles tiveram pouco vínculo com a figura paterna e alguns sofreram violências na infância também pelo pai. Poucos homens não fazem uso de substâncias psicoativas e apenas 2 não estão em relacionamento com mulheres. Após a conclusão dos grupos nenhum dos participantes teve nova denúncia de violência doméstica e para os homens o grupo representou reflexão, escuta, espaço de trocas entre iguais e foi possível adquirir novas habilidades de resolver conflitos. A partir desses dados pretende- se incentivar prevenção de violência na infância e a efetivação da política de atendimento a homens autores de violência doméstica de forma contínua, objetivando a prevenção de novos episódios de violência e a melhoria das relações afetivas. Esse trabalho reforça a necessidade de pensarmos em novas intervenções para o combate a violência doméstica que atinge a todos, mulheres, crianças, homens e a sociedade em que estão inseridos.
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