O bairro Simões Lopes, Pelotas/RS: morfogênese e planos urbanos (1914-1972).
Resumo
Este estudo tem como objetivo contribuir para a leitura morfológica da produção do espaço
urbano do bairro Simões Lopes em Pelotas/RS, em diferentes camadas temporais, desde
a sua gênese até a implementação do segundo loteamento do bairro. O recorte temporal
vai de 1914 a 1972. A morfologia urbana é o campo do conhecimento que permite
interpretar as formas urbanas em diferentes escalas, abordagens conceituais e
metodológicas do objeto. A pergunta inicial parte da análise da forma urbana e tenta
compreender em que medida as práticas tradicionais de agenciamento urbano, presentes
no traçado de Pelotas, persistem no espaço urbano do bairro Simões Lopes. O recorte
espacial compreende o bairro Simões Lopes, na faixa limítrofe com a linha férrea e a sua
conexão com o traçado da cidade. O trabalho foi delineado a partir de uma pesquisa
teórica e de uma análise da produção cartográfica e de imagens em meio digital, buscando
a reflexão sobre as formas de agenciamento do espaço urbano e da morfologia urbana
com a óptica das vertentes Inglesa, Italiana e Francesa. O procedimento metodológico
adotado segue o viés de Conzen, preceptor da escola Inglesa de morfologia urbana, no
estudo da forma pelo palimpsesto, que são as camadas de leitura ao longo do tempo. A
definição dessas camadas deu-se pelos períodos morfológicos, uma síntese entre o
período histórico e o evolutivo. A partir disso, definiu-se três períodos morfológicos para
serem analisados. O primeiro período morfológico (1815-1927) traz a gênese do traçado
urbano de Pelotas, primeiro e segundo loteamento até os planos urbanos e sanitaristas
da década de 1920, e reforça a atuação do corpo de engenheiros militares na
disseminação das práticas urbanísticas portuguesas. O segundo período morfológico
(1914-1947) traz a expansão do traçado de pelotas em direção à ferrovia, limite físico com
o bairro Simões Lopes, e o primeiro projeto de loteamento. O terceiro período morfológico
(1948-1972) traz o segundo projeto de loteamento do bairro, com a análise das
permanências e persistências, fatos urbanos e tipologia. A análise morfogênica do traçado
de Pelotas evidencia a persistência das práticas urbanísticas portuguesas que se
estendem ao bairro Simões Lopes, mesmo ele tendo projetos de planificação urbana. A
leitura tipo-morfológica dos fatos urbanos possibilitou aproximações que evidenciam a
persistência das formas tradicionais de ocupação do espaço.
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