Esculturas em Faiança Portuguesa existentes nos Casarões do Centro Histórico da Cidade de Pelotas, RS.
Abstract
A cerâmica é o artefato de maior relação com o desenvolvimento estético e,
também, o que mais vem resistindo às revoluções promovidas pela humanidade.
Muitas dessas peças artísticas constituem-se em um legado histórico da produção
cerâmica, tais como a azulejaria portuguesa que por sua qualidade é igualada a
outras artes em voga na Europa, tais como a tapeçaria, ourivesaria e o mobiliário.
No Brasil, no período colonial, a cerâmica foi instrumento de composição de projetos
arquitetônicos e de estilos artísticos, tais como o barroco, o neoclássico e o eclético.
A grande maioria dos azulejos e ornatos existentes nas fachadas dos prédios destes
estilos vinha importada da Europa, especialmente, de Portugal e França. No século
XX, a conscientização da importância de conservar a história das origens brasileiras
fez surgir o interesse do Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional e,
também, de alguns grupos privados, tais como o Instituto Portucale de Cerâmica
Luso-Brasileira, localizado no estado de São Paulo, pela leitura de cerâmicas
artísticas portuguesas como instrumento da memória de nossa colonização. A
cidade de Pelotas, uma das vinte e seis cidades que integram o Projeto Monumenta
do Governo Federal, detentora de um dos maiores acervos edificados no estilo
eclético do século XIX, com 4 edificações com tombamento em nível federal, 1 em
nível estadual, 10 em nível municipal e mais de 1700 prédios inventariados, possui
um acervo de decoração cerâmica de fachada de grande beleza e qualidade, em
sua maioria, na forma de ornatos e esculturas, atualmente, sendo restaurado ou em
processo de preservação. Esta condição levou ao desenvolvimento do presente
trabalho que buscou a identificação das peças cerâmicas existentes em edificações
tombadas do patrimônio histórico da cidade de Pelotas, identificadas como cerâmica
em faiança originária de Portugal. Além disto, com vistas à questão da conservação
patrimonial, avaliou-se, nas peças cerâmicas em faiança encontradas, a sua
condição de degradação. As edificações pesquisadas são os casarões de números
8, 6 e 2, localizados na Praça Coronel Pedro Osório, conhecidos como Casarão do Barão de Cacequi, Casarão do Barão de São Luís e Casarão do Barão de Butuí.
Para o desenvolvimento do trabalho, inicialmente, pesquisou-se a origem das
esculturas em faiança e a sua tecnologia de produção. Posteriormente, fez-se a
identificação visual, documentada fotograficamente, o levantamento cadastral, a
partir de fichas catalográficas, das peças cerâmicas existentes nos Casarões. Após,
compararam-se os exemplares encontrados nos Casarões com peças existentes no
catálogo da Fábrica de Cerâmica e de Fundição das Devezas, editado em 1910.
Para a análise do estado de conservação das peças cerâmicas foram utilizadas as
informações das fichas catalográficas. Complementando o trabalho, fez -se a
determinação da composição química da pasta cerâmica e do vidrado de uma
amostra coletada em um vaso Krater, existente no Casarão Barão de Cacequi
(Casarão 8). As composições químicas da pasta cerâmica e do vidrado foram
comparadas com análises químicas de peças cerâmicas efetuadas pelo químico
francês Charles Lepierre, em 1912. Os levantamentos e estudos feitos possibilitaram
a elaboração de uma proposta para futuras intervenções nas peças cerâmicas em
faiança portuguesa existentes nos Casarões, a partir da sua reconstituiçã o ou
substituição por peça original.
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