O presente trabalho tem como objetivo investigar e compreender a atuação de um grupo de mulheres no movimento abolicionista, refletir e problematizar quais foram as formas de participação política possíveis e quais os significados disso, no decorrer da década de 1880, em Pelotas e Rio Grande. Para tanto, utiliza-se a imprensa como principal fonte, tendo em vista a ampla divulgação das ações abolicionistas, inclusive daquelas desenvolvidas por mulheres em suas páginas. A pesquisa aborda diferentes experiências abolicionistas femininas, analisando trajetórias de mulheres brancas, da elite e letradas, e de mulheres pobres, negras e na condição de libertas. Utiliza-se, assim, a abordagem micro-analítica para observar casos particulares, bem como o conceito de gênero, essencial para entender os diferentes papéis sociais atribuídos às mulheres neste contexto histórico. Com relação à análise desses fenômenos, a interseccionalidade é uma ferramenta útil porque, através dela, é possível explicar as diferenças entre as mulheres que formam o objeto de estudo, bem como as distintas formas de atuação abolicionista.