Os laços sociais de indivíduos em sofrimento psíquico.
Resumen
Os Serviços Residenciais Terapêuticos inserem-se na perspectiva de
reinvenção do cotidiano, por permitirem que o indivíduo conviva em uma casa,
enfrente o dia a dia com suas problemáticas e desafios, sendo um ambiente
que potencialize os sonhos de vida destes indivíduos, pelo fato de neste
modelo de atenção estar aprendendo a (re) concretizarem a vida de relações,
de afetos, de significados, de subjetividades, com os laços sociais praticamente
destruídos no manicômio. Trata-se de uma pesquisa qualitativa que tem por
objetivo geral compreender a constituição dos laços sociais dos indivíduos em
sofrimento psíquico moradores do Serviço Residencial Terapêutico (SRT) de
Caxias do Sul – RS, através da cartografia, utilizando a técnica de observaçãoparticipante,
num total de 700 horas, no mês de maio de 2010, além de dados
dos prontuários e da construção de ecomapa, dos 07 moradores que foram
sujeitos deste estudo, oriundo do banco de dados da pesquisa Redes que
reabilitam – avaliando experiências de composição de redes de atenção
psicossocial. A análise dos dados contemplou os seguintes temas: laço social,
cenas e subjetividades: um estudo cartográfico das trocas sociais no SRT, laço
fracos e laços fortes e o sonho de voltar para casa, dom, hau e contra-dom e
laço social. Os laços entre moradores e seus afetos foram rompidos e
fragilizados pelas duras certezas do modo asilar, que os separou seja por
controle ou por culpabilização da doença. Cabe agora ao modo de atenção
psicossocial a construção de novas formas de enfrentamento, de novas
acomodações na vida, de outras formas de subjetivação da própria experiência
do enlouquecer, de encontrarmos juntos, profissionais, moradores e
comunidade, as saídas e os fortalecimentos dos laços entre morador e seus
afetos, em trocas sociais que permitam o retorno para sua casa, no
entendimento individual de cada um. Dom, Hau e Contra-dom são
evidenciados quando a equipe de profissionais senta-se junto ao morador e
almoçam juntos. Os moradores do SRT foram “carimbados” pelas internações
psiquiátricas, os afastando de seus territórios geográficos e simbólicos, hoje
tem possibilidades múltiplas na dimensão objetiva dos serviços de saúde,
espalhados no território, com igrejas, com vizinhos do residencial, pessoas que
moram no bairro, trabalham na padaria, no bar, no comércio local, as oficinas
nos CAPS, no fato de aprender a ler e escrever no Programa Brasil
Alfabetizado, na hidroterapia e na equoterapia. Estas possibilidades fortalecem
os indivíduos a relacionarem-se entre si e com o todo a sua volta,
reestruturando um laço social que se perdeu no tempo e no espaço do
manicômio. Conclui-se que os laços sociais dos indivíduos em sofrimento
psíquico, moradores deste serviço-casa denominado SRT, podem ser
fortalecidos através deste equipamento de saúde mental.
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