Capacidade imunomoduladora de extratos etanólico de própolis verde e aquoso de própolis marrom em camundongos inoculados com antígenos múltiplos
Resumen
As vacinas com antígenos múltiplos têm representado um grande avanço na
imunização de animais de companhia e de produção, já que aliam economias de
tempo, custo, manejo e estresse. No entanto, a eficiência dessas vacinas tem sido
por vezes questionada e a escolha de um adjuvante adequado pode significar um
avanço nas imunizações múltiplas. Nesse contexto, a própolis, que vem chamando a
atenção de muitos pesquisadores devido as suas propriedades bioativas, surge
como uma possível candidata, pois muitas pesquisas vêm demonstrando suas
atividades moduladoras sobre o sistema imune humoral e celular. Como estudos já
demonstraram atividade adjuvante em vacinas inativadas e monovalentes, mas
ainda não existem relatos sobre sua ação em vacinas múltiplas e atenuadas, o
objetivo desse trabalho foi avaliar a capacidade imunomoduladora de extratos
etanólico de própolis verde e aquoso de própolis marrom, contra o parvovírus canino
(CPV) atenuado e o coronavírus canino (CCoV) inativado, quando associados com
uma vacina composta por antígenos múltiplos. A própolis verde estimulou à
produção de anticorpos contra o CPV nos animais inoculados com a maior
concentração dos antígenos (3,0x106 TCID50) co-administrados com 400 μg de seu
extrato etanólico. A adição de 400 μg/dose de extrato aquoso de própolis marrom a
diferentes concentrações dos antígenos comerciais (0,75, 1,5 e 3,0 x 106 TCID50)
incrementou a resposta imune humoral contra o CPV em todos os grupos. Com
relação ao CCoV, a titulação dos anticorpos não revelou atividade adjuvante da
própolis verde, no entanto foi verificado aumento na resposta humoral nos animais
inoculados com 1,5 e 3,0x106 TCID50 dos antígenos co-administrados com extrato
aquoso de própolis marrom. A resposta celular foi avaliada pela expressão de RNA
mensageiro (mRNA) para interferon gamma (INF-ı), revelando que a própolis verde
não apresentou ação imunoestimulante, já a própolis marrom incrementou a
produção dessa citocina contra CPV nos animais inoculados com 0,75 e 3,0x106
TCID50 dos antígenos. A produção de INF-ı específico para CCoV revelou
propriedade imunoestimulante da própolis verde nas concentrações de 0,75 e 3,0
x106 TCID50 dos antígenos e da própolis marrom na dose de vacina de 3,0x106
TCID50. Os resultados apresentados nesse estudo demonstraram que o extrato
etanólico de própolis verde incrementou a resposta humoral contra o CPV e a celular
contra o CCoV. Já o extrato aquoso de própolis marrom apresentou atividade
adjuvante sobre as respostas imunes humoral e celular, contra o CPV atenuado e o CCoV inativado, quando incorporado a uma vacina múltipla. O uso da própolis pode
contribuir para a eficácia de vacinas múltiplas devido à atividade estimulante tanto
sobre a resposta imune humoral como celular, justificando mais pesquisas nessa
área.