Desenvolvimento de um método de preparo de amostras para determinação de Cr, Cu, Pb e Zn em espécies de peixes oriundas do Canal São Gonçalo, Pelotas/RS utilizando planejamento experimental
Resumo
A poluição dos recursos hídricos tem sido uma constante preocupação na
sociedade contemporânea e muitas são as maneiras de identificá-la, tais como
o uso de peixes como bio-indicadores ambientais. Entre os poluentes mais
comuns nos peixes, os metais e seus compostos são citados e, dependendo da
concentração em que se encontram, podem apresentar toxicidade. Neste
trabalho, foi desenvolvido um método de preparo de amostra para
determinação de metais em peixes, usando a decomposição ácida com
sistema de refluxo. As melhores condições de decomposição foram obtidas
através de um delineamento composto central rotacional (DCCR). As amostras
de peixes foram decompostas na presença de 5 mL de HNO3 e de 2 mL de
H2O2, durante 2 horas a 150°C no bloco digestor.As técnicas de espectrometria
de absorção atômica com chama (F AAS) e espectrometria de absorção
atômica com forno de grafite (GF AAS)foram utilizadas para as determinações
dos analitos. A exatidão do método foi avaliada através da análise de material
de referência certificado de peixe e os valores encontrados foram concordantes
com o valor certificado. Os limites de quantificação obtidos (0,9 mg kg-1;
1,9 mg kg-1; 57,0 µg kg-1e 69,2 µg kg-1 para Cu, Zn, Cr e Pb, respectivamente)
ficaram abaixo dos limites previstos na legislação. Após otimização, o método
foi aplicado para o preparo das amostras de peixe. As seguintes espécies de
peixes foram analisadas: Micropogonias furnieri (corvina), Pimelodus
clarias(pintado), Cyphocharax voga (biru) e Loricaariichthys anus (viola)
coletadas nas regiões estuarina e límnica do Canal São Gonçalo, em Pelotas,
nas estações outono, inverno e primavera do ano de 2013, e no verão de 2014.
Os níveis de concentração de Cu encontrados ficaram no intervalo de 6,7 a 12
mg kg-1; de Zn, entre 1,8 e 23,6 mg kg-1; de Pb, entre 37 e 487 µg kg-1; e de Cr
variaram de 40 a 1268 µg kg-1. As maiores concentrações de Cu, Zn e Pb foram observadas nos peixes coletados nos pontos pertencentes à região
estuarina. Porém, o Cr apresentou altos índices especialmente na região
límnica. As amostras da espécie Loricariichthys anus (viola) foram as que
apresentaram maiores concentrações de todos os analitos avaliados. As
concentrações de Zn e Cu permaneceram abaixo dos limites máximos de
toxicidade enquanto os altos teores de Pb e Cr indicaram que a região
estuarina do Canal sofre impacto da ação antrópica, em especial do despejo
doméstico, resíduos de construção e demolição e efluentes de indústrias,como
as de curtimento de couro. Diante dos resultados, sugere-se um monitoramento
contínuo da biota do Canal São Gonçalo, já que esta região é de fundamental
importância econômica, social e ecológica para a população local.

