As experiências de mulheres para pensar caminhos de uma gastronomia de(s)colonial
Resumo
O presente estudo resulta na busca de avistar caminhos para uma gastronomia de(s)colonial, através de uma etnografia participante com grupos de mulheres que se organizavam a partir de oficinas de culinária dentro da Casa de Referência Mulheres Mirabal, em Porto Alegre. A proposta se deu no olhar para os saberes da experiência do trabalho de mulheres e as questões que isso levanta para refletir a forma eurocêntrica e masculinizada com que a gastronomia se sistematizou dentro dos espaços de ensino. Pensar sobre a cozinha dentro de uma perspectiva feminista, levanta discussões sensíveis, tanto para os movimentos de luta feminista, quanto para a História das Mulheres que, ao mesmo tempo que carregam uma história de condicionamento da atividade de cozinhar, não foram inseridas nesta quando passou do espaço privado para o público. Assim, na compreensão do que se entende por Gastronomia, os saberes do trabalho doméstico e não remunerado se situam no que se chama de “periferia do saber”. A investigação trata de pensar a Educação Popular como alternativa para o movimentar desses saberes entre as mulheres e a gastronomia, assim como coloca questões da Economia Solidária como forma de organização do grupo para a venda dos produtos que fazem. Portanto, investigar a gastronomia em diálogo com os saberes das mulheres, mostrou-se como uma possibilidade viável de fortalecimento das mulheres e da gastronomia no Sul, ao que conseguiu pensar caminhos para a emancipação das mulheres através da cozinha e a descolonização da gastronomia através das mulheres.