Formação humana na perspectiva filosófico-literária: uma leitura do romance Recordações do escrivão Isaías Caminha, de Lima Barreto

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Data
2021-04-30Autor
Moraes, Mirela Teresinha Bandeira Silva
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A tese propõe uma leitura do romance Recordações do Escrivão Isaías Caminha, escrito pelo literato brasileiro Afonso Henriques de Lima Barreto, à luz do conceito de romance de formação (Bildungsroman). Para tanto, apresenta um panorama sobre a vida e a obra do escritor seguido do levantamento das pesquisas realizadas no Brasil a respeito da sua obra até o mês de janeiro do ano de 2020. Examina o conceito e a função da literatura a partir da concepção de humanização do homem como um processo primordial para a sua existência, de modo a reconhecer que a dinâmica da relação entre os papéis do escritor e do leitor é fundamental para a comunicação literária. Tece algumas aproximações entre o conceito de engajamento literário pensado pelo filósofo Jean-Paul Sartre e a concepção de literatura militante, da qual o escritor era adepto. Utiliza as definições e caracterísiticas de Bildungsroman e de ironia romântica, conforme cunhadas pelo Primeiro Romantismo Alemão para encontrar pontos de semelhança com a literatura do escritor carioca. Consoante a acepção de Bildung, examina o conceito de educação enquanto processo de formação do homem em devir, atribuindo a cultura e a linguagem o papel de coadjuvantes da ação educativa. A leitura do romance de Lima Barreto é realizada através do cotejamento com a conceituação e características do gênero romanesco, em especial, do romance de formação tal como proposto por Mikhail Bakhtin e Franco Moretti. Considerando o romance de formação como a forma de expressão literária derivada da concepção de formação humana, a tese aponta Recordações do Escrivão Isaías Caminha como um legítimo romance de formação brasileiro por conter elementos compatíveis com o gênero. Demonstra que o enredo se desenvolve na prespectiva da brasilidade, fator determinante para a narrativa do escrivão. O cenário, ambientado na redação de um jornal na capital do país, na época a cidade do Rio de Janeiro, e a caracterização do protagonista refletem esta brasilidade conferindo ao texto um caráter de singularidade ante a concepção de romance de formação.