Efeitos da precipitação pluvial e da disponibilidade hídrica na pesca artesanal da Lagoa Mirim
Resumo
O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da precipitação pluvial e da
disponibilidade hídrica nos desembarques de peixes da Lagoa Mirim. Para a
pesquisa foram utilizados dados históricos da região da Lagoa, localizada no sul do
Rio Grande do Sul, com parte de seu limite fazendo fronteira com o Uruguai. Os
dados dos desembarques anuais (t) de peixes da lagoa foram extraídos das
estatísticas geradas pelo IBAMA. Os dados de precipitação foram coletados pela
Estação Meteorológica de Santa Vitória do Palmar. Esses dados correspondem a
totais anuais. Os dados de nível da Lagoa Mirim foram coletados pela Agência da
Lagoa Mirim, em dois pontos: Santa Izabel e Santa Vitória do Palmar. Foram
calculadas as médias mensais. O período estudado foi de 2002 a 2010. Não foi
possível realizar o estudo com um período maior, pois não havia dados históricos
disponíveis. Foram aplicadas aos dados, análises de agrupamento, análises de
quantis, análises de variabilidade temporal e análises de regressão linear. As
espécies mais abundantes observadas nos desembarques foram: traíra, jundiá,
peixe-rei-de-água-doce, pintado, cará, viola de água doce e biru, respectivamente.
Houve maior similaridade nos desembarques do jundiá e do pintado, seguido pela
similaridade entre desembarques de peixe-rei e biru. A pesca da viola e da traíra se
assemelha à do jundiá e do pintado. Não houve similaridade entre os desembarques
do cará com as demais espécies. Os anos com acumulados de chuva inferiores a
1012,7 mm foram classificados como muito secos; entre 1012,7 e 1202,2 mm como
secos; entre 1202,2 e 1290,8 mm como normais; entre 1290,8 e 1543,1 mm como
chuvosos e acima de 1543,1 mm foram classificados como muito chuvosos. As
espécies: cará, jundiá, traíra e viola, tiveram uma correlação significativa com a
precipitação do ano anterior aos desembarques. As análises de regressão linear se
mostraram eficientes e significativas entre o nível mensal da lagoa com as espécies:
biru, pintado, traíra e viola. Não houve correlação com jundiá, cará e peixe-rei. A
disponibilidade hídrica da Lagoa Mirim está relacionada com os índices
pluviométricos da região e com o uso deste recurso para abastecimento e irrigação.
As capturas anuais de peixes na Lagoa Mirim são determinadas pela disponibilidade
do estoque, pelos incrementos e esforços pesqueiros e pela precipitação pluvial.