Sonhos e escrita de pesquisa: por uma pedagogia da trama
Resumo
O objetivo deste trabalho é através dos sonhos, como alegoria, propor e ensaiar novas possibilidades de escrita e pesquisa no campo da Educação. Defendo uma escrita de pesquisa pelos sonhos, uma escrita poética, enquanto reencantamento ético e estético do mundo que se dá no entrecruzamento de memórias, saberes, conhecimentos, reflexões teóricas e metodológicas, e na luta contra o empobrecimento da experiência, a partir da perspectiva benjaminiana, no sentido da recuperação da força narrativa. Trabalho com a proposta metodológica da etnografia surrealista a partir das contribuições de James Clifford, e através das revisões e discussões propostas pelo Grupo Interdisciplinar de Pesquisa: Narrativas, Arte, Linguagem e Subjetividade (GIPNALS), vinculado a Universidade Federal de Pelotas. Opero através de um conjunto de fragmentos de sonhos reunidos através da minha experiência como educadora, na qual durante alguns anos coletei centenas de sonhos diurnos, de jovens da cidade de Pelotas/RS, através de uma experiência pedagógica específica: a construção de filtro dos sonhos. Nesse sentido, os sonhos são compreendidos como esperança a partir de Ernst Bloch. Através da escrita de pesquisa e dos sonhos escritos pelos jovens, as tramas são tecidas e os nós amarrados, e por meio da experimentação, do fazer artístico e educativo a Trama se coloca como um lugar de troca, aproximando o fazer educativo à vida e das nossas próprias histórias e narrativas, nesse sentido, proponho a Pedagogia da Trama como um lugar de novas e renovadas aspirações educativas possíveis.