Entre o planejado e o vivido: um estudo de caso sobre o residencial Ana Terra na cidade de Pelotas/RS

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Data
2023-08-21Autor
Teixeira, Alice da Conceição
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A Arquitetura representa um importante meio de análise social. Proponho aqui uma análise multidisciplinar sobre o Residencial Ana Terra – Pelotas/RS. O condomínio foi construído entre 1984 e 1985, contando com oito blocos e diferentes plantas. É importante entender se essas construções atendem as necessidades e pluralidades das famílias que ali vivem para sabermos se
estamos, ou não, produzindo uma arquitetura efetiva, que melhora a vida das pessoas e atende as demandas de habitantes. É através do diálogo entre áreas que proponho pensar o residencial, a partir de conceitos como: ascensão social, campos de possibilidades e individualismo. O objetivo desta pesquisa é compreender o que estava sendo planejado na hora da construção do residencial e o que está sendo experienciado, vivido e transformado por moradoras e moradores. Será que as pessoas seguem o plano de necessidades? O que motiva transformações, liberdade econômica ou necessidade? Fez-se necessária uma revisão bibliográfica que perpassou por diferentes áreas do conhecimento científico. O trabalho ainda contou com a realização de
entrevistas, relatos enviados por interlocutoras e interlocutores, saída de campo e levantamento de material na Bibliotheca Pública Pelotense e na Secretaria Municipal de Gestão da Cidade e Mobilidade Urbana. Isso resultou em um ensaio
etnográfico do residencial que considerou desde a elaboração do projeto do condomínio até o habitar na atualidade. Sem diferenças, não existe interação, e são as reconfigurações dos espaços e os elementos construídos que constituem essa interação, construindo simbolismos de hierarquização, individualização e diferenciação. Ao morar nesse condomínio, a pessoa acessa mais do que uma casa própria, mas também garagens e áreas coletivas de lazer, como piscina, salão de festas e playground. A realização deste trabalho permitiu observar e demonstrar que nem sempre os espaços são utilizados como foram planejados por arquitetas e arquitetos e que o residencial é ocupado por grupos com rendas econômicas distintas. Não menos importante é a constatação de que a arquitetura alimenta o campo de possibilidades de habitantes na busca por ascensão, além de materializar os mecanismos de diferenciação, individualização e segregação.