Utilização da Amplificação Isotérmica Mediada por Loop (LAMP) na detecção de genes de resistência em Enterobactérias produtoras de Carbapenemases
Resumo
Vários métodos têm sido propostos para identificar genes de resistência em
bactérias multirresistentes. O mais utilizado para detectar a resistência adquirida é a
amplificação do DNA alvo por meio da reação em cadeia da polimerase (PCR). Em
laboratórios pequenos, a aquisição desse equipamento é cara, muitas vezes
inviabilizando a implementação do método. Assim, métodos alternativos de
genotipagem têm sido propostos, com destaque para a amplificação isotérmica
mediada por loop (LAMP), que apresenta baixo custo operacional e boa
especificidade e sensibilidade para a detecção alternativa de genes de resistência
bacteriana. O presente estudo teve como objetivo estabelecer o uso de LAMP para
detectar o gene blaKPC através da produção de beta-lactamase do tipo
carbapenemase. Setenta e seis amostras de Enterobacteriaceae isoladas de
amostras clínicas de pacientes do Hospital Escola UFPel-Ebserh foram isoladas,
identificadas fenotípicamente e separadas de acordo com seu perfil de resistência. O
marcador de resistência detectado com maior frequência foi a produção de
beta-lactamases de espectro estendido (ESBL), 51,32% (39/76), seguido pela
coprodução de ESBL e carbapenemases, 35,53% (27/76), e carbapenemases
isoladamente, 11,84 % (9/76). Encontramos apenas um caso de coprodução de
KPC+MBL, 1,31% (1/76). As 76 amostras foram analisadas por qPCR para os genes
blaKPC e blaNDM-1, obtendo 47,36% (36/76) de positividade para o gene blaKPC e
18,42% (14/76) para o gene blaNDM-1. Das 36 amostras que testaram positivo para
o gene blaKPC, 25 concordaram com o teste fenotípico e foram usadas para
otimizar os ensaios LAMP. No ensaio LAMP, verificamos a taxa de concordância
substancial de LAMP com qPCR, com o valor do índice Kappa igual a 0,761. A
sensibilidade foi avaliada a partir das mesmas diluições usadas em qPCR. O
resultado da sensibilidade mostrou que o LAMP detectou 1,5 UFC mL-1, dez vezes
mais sensível que o qPCR. Nossos achados indicam que o ensaio LAMP pode ser
utilizado no setor de bacteriologia e confirma as carbapenemases em rotinas e
estudos epidemiológicos.