Resinas compostas single-shade: uma revisão sistemática e um estudo laboratorial
Resumo
Os resultados mais estéticos com resinas compostas diretas podem ser obtidos por materiais que mimetizam satisfatoriamente estruturas dentárias. Nesse contexto, a seleção da cor da resina permanece um desafio devido à sua alta sensibilidade técnica. Com o objetivo de simplificar a técnica, reduzir tempo clínico e custos, surgiram as resinas compostas de cor única, ou single-shade, que buscam se adaptar a todas as cores dentais da escala VITA (A1 a D4). O objetivo deste trabalho é apresentar o estado da arte das resinas single-shade por meio de uma revisão sistemática, além de avaliar in vitro a influência de duas profundidades (2 e 4 mm) na diferença de cor (ΔE00) e na correspondência de cores dessas resinas. Na Fase I a revisão sistemática foi feita em oito bases de dados (Pubmed, Embase, Scopus, The Cochrane Library, Web of Sciences, BBO, LILACS, IBECS) até fevereiro de 2023, sem restrição de data e idioma. Apenas estudos laboratoriais ou ensaios clínicos que avaliaram resinas compostas single-shade foram incluídos. No total, 5.149 estudos foram inicialmente identificados e 40 foram incluídos. A maioria dos estudos foram experimentos laboratoriais (37) e três estudos clínicos. Na Fase II, foi feito um teste laboratorial com cavidades cilíndricas com 2 e 4 mm de profundidade em dentes molares de acrílico (n=10/grupo). As restaurações foram realizadas com 2 resinas single-shade (OC: Omnichroma, Tokuyama; VU: Vittra APS Unique, FGM) e uma resina multi-shade controle (EO: Estelite Omega EA2, Tokuyama). O ΔE00 foi medido na análise instrumental, enquanto a correspondência de cores na análise visual. ANOVA duas vias e teste pos-hoc de Tukey foram usados para avaliar a análise instrumental, e Kruskal-Wallis seguido de teste de Tukey para avaliar a correspondência de cores da análise visual. O nível de significância foi de 5%. Na
Fase I foi demonstrado que a correspondência de cores pode ser influenciada pela composição do material, translucidez, cor do substrato, tamanho e profundidade da restauração. Considerando os limites pré-determinados de aceitabilidade de diferença
de cor do CIEDE e CIELab, em geral, as resinas single-shade apresentaram uma fraca capacidade de correspondência de cores. Porém, quando comparadas às resinas multi-shade, teriam uma melhor correspondência de cores para diferentes tonalidades de substratos. Na Fase II, a profundidade influenciou a diferença de cor apenas na análise instrumental. A resina OC apresentou uma diferença de cor semelhante a EO nas profundidades de 2 e 4 mm, enquanto VU apresentou os melhores resultados de correspondência de cores em ambas as profundidades na análise visual. Dessa forma, foi possível obter o estado da arte das resinas single-shade, além de evidenciar in vitro que o efeito da profundidade da restauração na mimetização das estruturas dentais poderia variar dependendo do método de avaliação empregado e da resina utilizada.