A igreja católica e as ditaduras ibéricas do século XX: papel nos regimes e (não) responsabilização pós-transicional

Abstract

O presente trabalho tem por principais bases dois artigos anteriormente publicados (CAVICHIOLI; GALLO, 2022; CAVICHIOLI; OLIVEIRA, 2023) que abordam a participação da Igreja Católica nos processos que levaram à ascensão e à manutenção das ditaduras de Salazar e Franco, as dinâmicas políticas internas a esses processos e a (não) responsabilização dessa instituição quando da queda dos regimes. A Península Ibérica foi palco das duas mais longevas ditaduras europeias do século XX. Com cerca de quatro décadas cada uma, as ditaduras conduzidas por António de Oliveira Salazar (1889-1970) e Francisco Franco Bahamonde (1892-1975) (BACHOUD, 2011; MENESES, 2011) ultrapassaram em muito suas congêneres mais conhecidas desse período histórico que ocorreram na Itália e na Alemanha. Muito embora as conjunturas portuguesa e espanhola possam ser individualizadas, suas ocorrências em um período histórico semelhante e seus dois principais grupos de apoio – as Forças Armadas e a Igreja Católica, com especial ênfase para o último –, para além da existência de uma fronteira geográfica entre esses países, permite o exercício da análise de caráter comparativo.