O Priapo pático e as identidades eróticas desviantes em Roma: limites das subjetividades masculinas (séc. I a.C. – II d.C.)
Resumo
Os prazeres na vida são muitos, mas talvez, nenhum deles seja mais importante que vivenciar o prazer do amor e do companheirismo. Falar sobre as formas de amor, então, é um tema cada vez mais necessário na sociedade contemporânea.
Acontece que, muitas vezes, essa fala ocorre de forma que se desqualifique o outro, no pechoso e penoso estigma da conceitualização precoce. Assim, a dissertação investiga como os homens romanos poderiam confrontar os conceitos preconcebidos do virilismo romano mediante às representações emasculadas de Priapo, sobretudo entre o primeiro século antes e o segundo depois de Cristo. O trabalho se desenvolve, então, na busca pela diversidade em Priapo, um deus de muitas faces, que, muitas vezes, porém, é lembrado apenas pelo seu enorme falo ereto e deforme, com o qual defendia a sua terra e
estuprava os ladrões. A metodologia, portanto, é perceber a potência do potencial transformador na linguagem conceitual e visual intricada na figuração de Priapo(s) (“Páticos”) na literatura e na cultura material. Dessa forma, a dissertação foi capaz de perceber a possibilidade de o homem romano encontrar outras formas de amar e ser amado, outras formas de subjetivação sexual no masculino, as “identidades eróticas páticas”. Por fim, o trabalho debate a necessidade de estudos futuros que apresentem concepções mais flexíveis sobre a subjetivação sexual na Antiguidade e atentas para o surgimento da diversidade de identidades eróticas não conformistas ao senso comum de sua sociedade. Sobretudo, percebemos permanecer em aberto o estudo sobre como as subjetividades sexuais desviantes ressignificavam os códigos culturais, as convenções sociais e políticas que informam a adequação masculina no espaço público romano em questão. Logo, almejamos e sugerimos um novo campo de
investigação sobre os protocolos fundamentais de existência (pática) não conformista na Antiguidade.