A representação da escrita no espectro autoficcional: uma leitura de três romances brasileiros contemporâneos

Visualizar/ Abrir
Data
2023-07-16Autor
Silveira, Cristian Borba da
Metadata
Mostrar registro completoResumo
No romance brasileiro contemporâneo, a proeminência do escritor enquanto personagem indica a tendência da literatura de se debruçar sobre o fazer literário. Esta proeminência faz parte de uma tendência mais ampla de coincidências entre categorias sociais de autores e personagens, sobretudo se protagonistas ou narradores. Esta tendência mais ampla está alinhada à do espectro autoficcional, cujas narrativas são construídas nos limites entre o romanesco e o autobiográfico. Identifica-se em um conjunto de obras situadas neste espectro a representação da escrita. Discute-se este panorama principalmente a partir dos estudos de Anna Faedrich sobre a autoficção no contexto da literatura brasileira (2014, 2015, 2016); de Igor Ximenes Graciano sobre as narrativas do gesto literário e estudos subsequentes (2013, 2018, 2021); e de Regina Dalcastagnè sobre o personagem do romance brasileiro (2005, 2021). As principais hipóteses sobre as obras do espectro autoficcional são: o pacto de leitura oximórico, mobilizando dois modos distintos de recepção da obra, a saber, o romanesco e o autobiográfico; o autor como construção imaginária realizada através da leitura da obra e pela construção da figura do protagonista; e, com o tensionamento das identidades do autor e do protagonista, a relevância do posicionamento crítico sobre o fazer literário inscrito no âmbito da ficção. As obras do corpus de estudo são: Becos da memória, de Conceição Evaristo, publicado em 2006; A chave de casa, de Tatiana Salem Levy, publicado em 2007; e Ribamar, de José Castello, publicado em 2010. A partir de uma leitura particular destas obras, analisa-se a representação da escrita em cada uma das narrativas, articulando as principais hipóteses sobre o espectro autoficcional.