Por uma ciência benjaminiana da literatura: arqueologia da imagem do castelo em Teresa de Ávila, Herman Melville e Franz Kafka

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Data
2024-08-09Autor
Cuadros, Lóren Cristine Ferreira
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Mostrar registro completoResumo
Esta pesquisa discute três textos literários: Castelo interior, de autoria da carmelita
espanhola Teresa de Ávila; Bartleby, o escrevente: uma história de Wall Street, novela
do americano Herman Melville; e O castelo, romance de Franz Kafka. Tais obras
compartilham a presença da imagem literária do castelo, marcada por sua
intermitência e pela ressignificação sintomática que assume em cada texto, traço que
instiga à análise comparativa. Desse modo, aderindo a uma perspectiva pouco comum
no âmbito da Literatura Comparada, este estudo apresenta um objetivo geral de cunho
metodológico, propondo uma investigação dos textos em questão que, de um lado,
toma como inspiração os métodos desenvolvidos por Aby Warburg (no célebre Atlas
Mnemosyne) e Walter Benjamin (em suas Passagens); e, de outro, se estabelece
como uma “terceira via”. Assim, os objetivos específicos desta pesquisa consistem na
definição dos fundamentos de um método comparativo voltado para a análise de
imagens literárias e na construção de conjuntos visuais ou “painéis” (baseados na
estruturação empregada por Warburg no Atlas) que busca corroborar a identificação
de particularidades da imagem do castelo nas obras elencadas. Propõe-se a hipótese
de que a análise notadamente anacrônica ora desenvolvida configura-se como um
exercício que responde em alguma medida ao projeto de Ciência da Literatura
(Literaturwissenschaft) postulado por Benjamin. Ademais, a proposta metodológica
cujas bases se encontram assentadas no presente estudo, bem como a intersecção
inédita das obras analisadas, conferem à pesquisa um caráter inovador. Finalmente,
a investigação justifica-se por seu intento de formular uma crítica literária alinhada à
sugestão benjaminiana, priorizando a valorização da materialidade dos textos em
detrimento da predominância de vieses teóricos e/ou juízos de valor, aspecto
observado com frequência na crítica contemporânea.