Perspectivas para geração de produto a partir da compostagem de carcaças bovinas de Estabelecimento de Pré-Embarque (EPE)

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Data
2025-02-28Autor
Duarte, Marizane da Fonseca
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O Brasil é um importante exportador de carne bovina, o qual segue batendo recorde em volume. Para atender a demanda crescente, novos mercados, como a exportação de bovinos vivos passaram a se desenvolver, inclusive no Rio Grande do Sul – RS. Os Estabelecimentos de Pré-Embarque (EPE), devem ser habilitados pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) para operação e trazem muitos benefícios econômicos para a região. Embora, gerem impactos ambientais pela concentração de um grande número de animais no local, o que pode acarretar no acúmulo de resíduos como dejetos e animais mortos, gerando odor, quando não adotadas medidas de prevenção. Frente a possíveis cobranças dos órgãos fiscalizadores, países importadores ou os próprios consumidores quanto ao gerenciamento dos resíduos em EPEs brasileiros, é necessário que alternativas sejam planejadas estrategicamente. A compostagem é uma das alternativas, a qual permite a reciclagem de nutrientes e a decomposição dos resíduos orgânicos de forma controlada, transformando-os em adubos orgânicos. O objetivo deste trabalho foi identificar barreiras e facilitadores para a geração de um produto a partir da compostagem de carcaças bovinas de EPE. A fim de abranger as múltiplas dimensões do problema investigado se fez uso de diferentes ferramentas para a coleta de dados. Com duas etapas principais: análise bibliométrica (quanti) e entrevistas semiestruturadas com três grupos de interesse (quali). Sendo eles: EPEs, órgãos públicos e Unidades de Compostagem (UC). Todos os entrevistados assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Para a análise dos resultados qualitativos, utilizou-se a metodologia de Análise de Conteúdo. Atualmente a destinação das carcaças animais é feita levando-as para as câmaras mortuárias localizadas nas dependências de cada EPE. Entretanto, tal procedimento ocorre sem nenhum rigor ou monitoramento, apenas cumprindo as exigências dos órgãos oficiais. As quais, consideram o descarte dos animais mortos em local seguro, sendo atendido pela construção das câmaras mortuárias em áreas afastadas do contato com os demais bovinos vivos. Todavia, notou-se que não são cobrados aspectos referentes ao manejo e ao monitoramento, por desconhecimento do processo de compostagem. Pragmaticamente tanto empreendedores dos EPEs, quanto órgãos de fiscalização possuem dificuldade em descreverem a compostagem corretamente e segui-la à risca. O desconhecimento do processo de compostagem pelos atores é uma das principais barreiras. Sendo o desenvolvimento de UCs especializadas e voltadas à implementação da IN do MAPA de nº 48 de 2019, fora dos EPEs uma alternativa na região Sul do RS e, um facilitador. Contudo, para gerar um produto final seguro para comercialização, pesquisas acerca de outras alternativas para a retirada do Material de Risco Específico (MRE) precisam também ser priorizadas, visto que no que se refere a comercialização do produto, a garantia de eliminação do MRE é uma condicionante importante. Sugere-se avaliar a compostagem neste aspecto nas condições dos EPEs no RS, para delinear de modo mais aplicável tal procedimento.