Efeitos do exercício físico em marcadores inflamatórios, neurotróficos, imunológicos e em neurotransmissores em pessoas com depressão: uma revisão sistemática e metanálise
Resumo
A depressão é uma das doenças mais incapacitantes do mundo e estima-se que o custo
mundial associado aos dias perdidos de trabalho, devido à depressão e ansiedade, seja
de 2,3 trilhões de dólares até o ano de 2030. Embora seja considerado tratamento padrão
para a depressão, a psicoterapia e a medicação não auxiliam na melhora da capacidade
física-funcional destes indivíduos. Por outro lado, o exercício físico proporciona diversos
benefícios físicos e emocionais, reduzindo o aparecimento de comorbidades, exercendo
efeitos antidepressivos e melhorando a qualidade de vida desta população. O objetivo
deste estudo foi realizar uma revisão sistemática e metanálise para identificar se os
efeitos crônicos do exercício físico foram capazes de modificar biomarcadores
sanguíneos em adultos com depressão, e se estas modificações estavam relacionadas
com alterações nos sintomas depressivos. Foram realizadas buscas, entre agosto de
2021 e fevereiro de 2022, em seis diferentes bases de dados (PubMed, PsycINFO,
Cochrane Library, SportDiscus, Embase, Scopus, e Web of Science). Foram incluídos
ensaios clínicos randomizados publicados em inglês, português ou espanhol, sem
restrição quanto ao ano de publicação. Além disso, os estudos deveriam conter amostras
de sujeitos diagnosticados com depressão unipolar, que utilizassem um modelo de
exercício físico crônico e que tivessem medidas de marcadores sanguíneos coletados
pré e pós-intervenção. Foram excluídos estudos com crianças e adolescentes e em
modelos animais, pessoas diagnosticadas com outra doença psiquiátrica (além da
depressão). Foram encontrados 3.865 estudos, restando 2.507 após a remoção das
duplicatas. Destes, 2.459 títulos e resumos foram excluídos, restando 48 textos
completos para leitura. Foram selecionados então, 12 estudos para compor esta revisão,
sendo incluídos 9 na metanálise. Após as análises estatísticas, pode-se verificar que o
exercício físico foi capaz de reduzir sintomas depressivos e que esta redução esteve
associada ao aumento nos níveis circulantes de alguns biomarcadores, como BDNF
(Brain-Derived Neurotrophic Factor), Quinurenina e IL-6 (Interleucina-6). Estas alterações
foram visualizadas ao comparar os grupos que realizaram exercício físico aeróbio com
aqueles que permaneceram em um grupo controle, realizando alguma outra atividade ou
apenas sendo controle passivo. Pode-se concluir que, mesmo que haja diferenças nas
composições das amostras e entre as atividades desenvolvidas nos grupos controle, o
exercício aeróbio foi capaz de alterar níveis circulantes de neurotrofinas e de marcador
inflamatório e que o aumento nestes níveis esteve relacionado a redução dos sintomas
depressivos.