Análise de desempenho e recuperação de jogo simulado em atletas de futsal
Resumo
O futsal é uma modalidade coletiva disputada em alta intensidade, de caráter
intermitente, com sprints, acelerações, desacelerações e mudanças de direção,
associado a alta exigência física, técnica e tática. Tendo em vista a alta intensidade
de jogo exigida aos atletas, torna-se fundamental a compreensão do desgaste
fisiológico gerado após as partidas, assim como a recuperação desses atletas. Assim,
o objetivo foi analisar o desempenho físico e fisiológico durante, assim como o tempo
de recuperação de fadiga neuromuscular e dano muscular após jogo simulado em
atletas de futsal. Para tal, dois estudos foram conduzidos. O primeiro contou com onze
atletas de futsal masculino (22,2±2,9 anos) que foram avaliados nas condições pré,
imediatamente após, 24h e 48h após jogo simulado ao final da pré-temporada.
Concentração sanguínea de creatina quinase (CK), espessura e qualidade muscular,
dor muscular, força isométrica máxima (FI) e sinal eletromiográfico (EMG) de
extensores e flexores de joelho, salto com contramovimento (CMJ) e sprints de 10 e
20m foram mensurados nesses momentos. No segundo estudo, nove atletas de futsal
masculino (23,0±3,1 anos) foram monitorados em dois jogos oficiais durante a
temporada, sendo um jogo fora e um jogo em casa. A carga corporal (CC) e o número
de colisões ocorridas ao longo do jogo foram mensurados utilizando acelerômetro
triaxial, com coleta simultânea da frequência cardíaca (FC). Valores de CC e FC foram
divididos entre primeiro e segundo tempo. Os resultados do primeiro estudo
demonstraram que a CK aumentou 24h pós jogo simulado (p<0,001), enquanto a
qualidade muscular do vasto lateral (p=0,005) e reto femoral (p=0,001) pioraram 24h
pós jogo simulado; todos retornando aos níveis basais 48h pós jogo simulado. Dor
muscular aumentou imediatamente após o jogo simulado (p<0,001), retornando aos
valores pré 24h após. Tempo de desempenho em sprint de 10 e 20m aumentou e FI
de extensores de joelho diminuiu imediatamente e 24h pós jogo simulado, retornando
aos valores pré 48h após. FI de flexores de joelho diminuiu somente 24h pós jogo
simulado, enquanto que EMG e CMJ não apresentaram diferença entre os momentos.
Os resultados do segundo estudo indicaram que durante maior parte do jogo oficial as
ações ocorreram nas faixas de CC de 0,5-1 g (41±8% e 42±9% no primeiro e segundo
tempos) e 1-1,5 g (34±7% e no primeiro e no segundo tempos). O maior número de
colisões durante o jogo oficial ocorreu na faixa entre 6-8g (182,0±82,2). A maior parte
do jogo oficial ocorreu na faixa > 90%FC de pico tanto no primeiro (69±13%) quanto
no segundo (60±16%) tempo. Conclui-se que jogo simulado de futsal gera fadiga e
dano muscular até 24h após, sendo que 48h pós jogo os atletas estão recuperados
física e metabolicamente. Além disso, os atletas realizam constantes mudanças de
direção em curto espaço de tempo e distância durante a partida, com valores de CC
entre 0,5-1,5g em jogos oficiais. Adicionalmente, sofrem alto número de colisões com
os adversários, em zonas de FC correspondentes a atividade de alta intensidade.