Exercícios respiratórios, cardiorrespiratórios e de força, e atividades esportivas cooperativas nas aulas de Educação Física: efeitos nos sintomas depressivos de estudantes do ensino médio

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Data
2024-07-09Autor
Cunha, Gicele de Oliveira Karini da
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Os transtornos depressivos compõem o principal problema de saúde mental. Em
jovens, a depressão apresenta-se como uma doença altamente incapacitante,
afetando as relações sociais e familiares, ocasionando redução do rendimento
escolar, aumento do envolvimento em comportamentos de risco, maior utilização
dos sistemas de saúde e, em sua forma agravada, maiores riscos de
automutilação e suicídio. Nesse contexto, a prática de atividades físicas vem
sendo amplamente estudada como uma forma alternativa de tratamento dos
sintomas depressivos, apresentando-se muitas vezes eficaz. Sendo a escola um
ambiente de amplo acesso aos jovens e a disciplina de Educação Física (EF)
uma excelente ferramenta para a implementação dessas intervenções, além da
escassez literária de estudos de base escolar que abordem essa temática em
adolescentes, este estudo apresentou como objetivo geral verificar o efeito da
inserção de exercícios respiratórios diafragmáticos, exercícios
cardiorrespiratórios e de força e atividades esportivas cooperativas durante as
aulas de EF, nos escores de sintomas depressivos (SD) de adolescentes do
ensino médio. Secundariamente, verificou se um maior volume de aulas de EF
semanais poderiam trazer benefícios adicionais aos SD dos estudantes. Trata se de um ensaio clínico randomizado, realizado com adolescentes entre 14 e 20
anos, alunos do Instituto Federal Sul-rio-grandense (Campi Bagé e Pelotas). A
intervenção ocorreu por 12 semanas, sendo aplicada duas vezes por semana no
Campus Bagé e três vezes por semana no Campus Pelotas. Todas as turmas
que possuíam a disciplina de Educação Física em seu currículo foram elegíveis
ao estudo. Um total de 16 turmas compuseram a amostra, sendo as mesmas
listadas e randomizadas em três diferentes grupos de intervenção (1- exercícios
respiratórios diafragmáticos, 2- exercícios cardiorrespiratórios e de força, 3-
atividades esportivas cooperativas) e grupo comparador. Os dados da linha de
base foram compostos pela avaliação dos sintomas depressivos (desfecho
primário) e desfechos secundários do estudo (indicadores de sono, prática
habitual de atividade física, autoconceito, qualidade de vida, falhas cognitivas,
aptidão física autorrelatada, tempo de tela). Nas análises principais, não houve
diferença estatística significativa nos escores de SD dos estudantes dos grupos
intervenção (1,2 e 3) e grupo comparador, quando comparados os momentos
pré e pós intervenção (p>0,05). Quando comparados os diferentes volumes
semanais de aulas de EF, não foram encontradas diferenças estatísticas
significativas nos escores de SD dos estudantes. Porém, quando analisados os
SD por grau de severidade, todas as intervenções reduziram os SD de
adolescentes que possuíam escores agravados, incluindo o grupo comparador,
que realizou aulas tradicionais de EF, com significância limítrofe (p=0,069),
demonstrando que os exercícios físicos podem ser mais eficazes para aqueles
adolescentes que possuem maiores escores de SD.