Processo de trabalho de enfermeiros nas equipes multiprofissionais de atenção domiciliar

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Data
2018-12-07Autor
Moura, Pedro Márlon Martter
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Mostrar registro completoResumo
As equipes multiprofissionais são desejáveis no contexto de saúde para propiciar um cuidado integral aos indivíduos. Nessa ótica, o Programa Melhor em Casa, surgiu em 2011, estruturando-se com essa modalidade de equipes. Embora o programa seja recente, veio com o objetivo de reorientar modelos hegemônicos de atenção e gestão em saúde e de pensar e atuar na lógica de trabalho em equipe multiprofissional vislumbrando práticas de cuidado que busquem contemplar o ser humano e suas necessidades de saúde de maneira ampliada. Esse modelo de trabalho em equipe multiprofissional proposto pela Atenção Domiciliar tem colocado em questão a relevância e o valor das múltiplas profissões de saúde, uma vez que o médico, por exemplo, não seria capaz por si só de contemplar as múltiplas necessidades de saúde da pessoa. Assim, espera-se da equipe uma prática interprofissional, isto é, em que ambos os profissionais interajam entre si, compartilhando suas experiências, seus saberes e fazer. Nesse sentido, dentre esses profissionais, o enfermeiro vem ganhando destaque nessa equipe, dada a sua capacidade para influenciar colegas em um processo mais interativo e organizar o processo de trabalho. Diante disso, a presente pesquisa teve por objetivo geral conhecer o processo de trabalho de enfermeiros nas Equipes Multiprofissionais de Atenção Domiciliar. Tratou-se de uma pesquisa de abordagem qualitativa, do tipo descritiva e exploratória, a partir do referencial marxista, que foi realizada com 27 profissionais da equipe multiprofissional do Serviço de Atenção Domiciliar do município de Pelotas, Rio Grande do Sul. Destes, foram seis médicos, seis enfermeiros, seis técnicos de enfermagem, três auxiliares de enfermagem, dois assistentes sociais representavam as seis Equipes Multiprofissionais de Atenção Domiciliar, e um fisioterapeuta, um psicólogo, um nutricionista e um terapeuta ocupacional representavam a Equipe Multiprofissional de Apoio. A pesquisa foi realizada de junho a agosto de 2018, em dois momentos: na primeira etapa foi realizada 80 horas observação não participante da rotina de trabalho dos participantes, sendo 12 horas em cada equipe, e na segunda etapa entrevista semiestruturada. A análise dos dados ocorreu pela proposta operativa de Minayo. Os resultados revelaram que predomina o uso das tecnologias relacionais de cuidado, com auxílio de instrumentos como o Projeto Terapêutico Singular para o planejamento das ações de cuidado e as reuniões de equipe para discussão desse projeto. Além disso, a clareza na finalidade do trabalho, cuidar do paciente e família, foi um fator de repercussão positiva para que os profissionais trabalhem de modo próximo ao interprofissional, que teve como um de seus pilares a interação e comunicação entre os profissionais e integração de ações de cuidados. Também o profissional enfermeiro foi elencado como referência para a equipe, assumindo em muitos aspectos a coordenação do grupo e a organização do serviço. Contudo não há uma formalidade acerca dessa posição do enfermeiro na equipe. Tais resultados podem ser relevantes para afirmar os benefícios das equipes multiprofissionais nos atendimentos em saúde, a influência do enfermeiro no processo interacional das equipes e a repercussão dessa prática interprofissional na integralidade da assistência em saúde aos usuários do Serviço de Atenção Domiciliar investigado.