Vivências subjetivas de trabalhadores de um Centro de Atenção Psicossocial: a partir da perspectiva da Psicodinâmica do Trabalho

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Data
2024-08-29Autor
Osielski, Taciana Py de Oliveira
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A Psicodinâmica do Trabalho compreende o trabalho como uma das principais formas
do sujeito constituir-se e construir uma identidade própria e foi o referencial teórico
escolhido para a pesquisa por apresentar conceitos como o reconhecimento,
estratégias defensivas individuais e coletivas e as relações no trabalho, que
embasaram a pesquisa. A presente pesquisa tem como objetivo conhecer as
vivências subjetivas de trabalhadores de um Centro de Atenção Psicossocial: a partir
da perspectiva da psicodinâmica do trabalho. O estudo foi realizado em um CAPS na
cidade de Pelotas, Rio Grande do Sul, com nove participantes, entre profissionais e
gestores, no período de setembro e outubro de 2023. Realizou-se entrevistas
individuais abertas e período de observação com anotações em diário de campo. A
coleta de dados foi gravada e transcrita pela pesquisadora. A pesquisa foi aprovada
pelo Comitê de Ética em Pesquisa com número 71504623.6.0000.5317, e os dados
foram analisados a partir da análise de conteúdo de Bardin. Os dados coletados foram
divididos em quatro categorias, sendo elas: Relações: a cooperação entre a equipe e
o embate com a gestão; Estratégias defensivas: afeto coletivo e distração individual
como enfrentamento ao sofrimento; Reconhecimento como promotor de mobilização
subjetiva e Trabalho e a possibilidade de construção da identidade subjetiva. Os
resultados obtidos demonstram que os trabalhadores apresentam relações de afeto,
cuidado e carinho entre a equipe, contudo com a gestão municipal a relação é
conflituosa e autocrática, com decisões autoritárias e dificuldade de comunicação. Em
relação às estratégias defensivas coletivas, a maioria dos trabalhadores relataram que
utilizam de momentos de distração, conversas e o próprio cuidado entre si. Já como
estratégias defensivas individuais, os participantes relatam distração e desligamento
do serviço quando estão em casa. Na categoria sobre o reconhecimento, os
participantes referem perceber reconhecimento vindo dos usuários e familiares,
contudo, não há reconhecimento advindo da gestão municipal e sim sentimento de
desvalorização e impotência. Por fim, a última categoria identificou dificuldade por
parte dos trabalhadores de refletir sobre seu processo identitário, atribuindo o trabalho
às tarefas realizadas. As demandas de trabalho, apesar de densas, são possíveis de
serem manejadas, não causando sofrimento explícito ao trabalhador. Já a relação
com a gestão municipal foi identificada como a maior causa de sofrimento e angústia
entre os participantes.