Cartografia urbana em devir terceira paisagem

Abstract

O trabalho, desenvolvido na linha de pesquisa Urbanismo Contemporâneo, discorre sobre a apreensão das paisagens urbanas contemporâneas por meio de uma abordagem cartográfica.O conceito da terceira paisagem - tiers paysage -, criado por Clément em seu Manifesto (2014), oportuniza e potencializa a discussão sobre os territórios abandonados na cidade contemporânea ao analisar a ação biológica como suporte de ação e pensamento do presente. A terceira paisagem apresenta uma dimensão ecológica e ecossistêmica e abrange a dimensão política, examinando o sistema coerente que se forma na relação entre o ser humano e o ambiente. Essa especificidade da paisagem considera os espaços residuais, nos quais as espécies vegetais brotam espontaneamente, como reservas biológicas do futuro. O diferencial da terceira paisagem é o olhar voltado para a sucessão ecológica, uma sequência de alterações graduais e progressivas que modificam a composição do terreno até que aconteça o surgimento de uma comunidade estável. A noção de sucessão ecológica na contemporaneidade aparece de modo aleatório e acontece muitas vezes de maneira descontínua, ou não-linear. Necessita de condições para acontecer, por esse motivo é contigente e histórica. A investigação tem como objetivo criar instrumentos teóricos que auxiliem na apreensão da paisagem urbana contemporânea ao analisar nos territórios emergentes a ação biológica como suporte de ação e pensamento do presente. Tais instrumentos são tecidos com base na proposição teórica revisional e no registro da prática de caminhografia urbana. A revisão de literatura estabelece um plano comum fundamentado entre as noções de paisagem(CARERI, 2013), abandono(ROCHA, 2010) e multiterritorialidade (HAESBAERT, 2020). A experiência da caminhografia urbana acontece no antigo leito do Arroio Santa Bárbara, localizado em Pelotas-RS, curso d’água cujas águas foram canalizadas, aterradas e desviadas do percurso original.