Efeito da administração de eritropoetina e de vetores recombinantes em parâmetros reprodutivos de coelhos
Resumen
A administração de proteínas recombinantes vem sendo utilizada no esporte como um meio de doping. Na medicina, um método terapêutico bastante recente é a terapia gênica, que até o momento, possui resultados indicando sua eficiência no tratamento de algumas doenças. Recentemente, o potencial para uso indevido desta terapia entre atletas tem despertado a atenção de cientistas e órgãos reguladores do esporte. A transferência de genes que poderiam melhorar o desempenho esportivo de atletas saudáveis foi denominada de doping genético. Os principais genes candidatos são eritropoetina (EPO), fator de crescimento endotelial vascular (VEGF), fator de crescimento semelhante à insulina tipo 1 (IGF-1) e bloqueadores da miostatina. Porém a terapia gênica apresenta indicadores adversos, como resposta inflamatória e falta de controle da ativação do gene. Em indivíduos saudáveis, é provável que essa situação seja agravada. Ainda não existem testes conclusivos para a detecção do doping genético, no entanto alguns estudos recentes têm o intuito de investigar algumas estratégias que apontam como promissoras. O reflexo do uso da EPO sobre parâmetros reprodutivos in vivo ainda não tem sido descritos, por outro lado, estudos in vitro com cultivo de células têm demonstrado que a eritropoetina estimula a esteroidogênese nas células de Leydig desencadeando um aumento na produção de testosterona. O objetivo deste estudo foi avaliar os efeitos da administração de rHuEpo (eritropoetina recombinante) e da transferência gênica com eritropoetina em parâmetros reprodutivos de coelhos. Quinze coelhos foram divididos em 3 grupos: grupo I (rHuEpo) receberam por via subcutânea 25UI/kg de eritropoetina humana recombinante, três vezes por semana durante cinco semanas, grupo II (pTarget/Epo) receberam dose única de vetor recombinante com o gene da eritropoetina de coelho; grupo III (pTarget) receberam dose única de vetor pTarget vazio (controle). Parâmetros sanguíneos e reprodutivos foram monitorados durante o experimento, tais como: motilidade, vigor espermático, concentração espermática, viabilidade espermática, morfologia espermática, hemácias e hematócrito. A
transferência gênica com eritropoietina e a administração de rHuEpo causaram um aumento significativo no número de eritrócitos. Os animais que receberam rHuEpo obtiveram um aumento no hematócrito, alcançando valores entre 41,34 e 52,32. A análise estatística mostrou que os tratamentos e o tempo não interferiram na motilidade, concentração espermática e vigor espermático (P <0,05). A porcentagem de células com morfologia normal, tanto do grupo I como do grupo II diminuiu no decorrer do tempo, mas não houve diferença estatística entre os tratamentos (P<0,05). Este é o primeiro estudo que relata as respostas do uso do doping genético com o gene da eritropoetina e da administração de rHuEpo em parâmetros sanguíneos e reprodutivos.