Produção teórica e teorização em educação a partir da ANPED
Resumo
Esta pesquisa tem como objetivo estudar processos de construção teórica em sua faceta formativa, envolvendo a práxis pedagógica da leitura e escrita, no horizonte do vínculo esférico entre a produção teórica e educação. O cerne desse estudo é constituído de reflexões filosóficas a partir de diálogos com artigos de pesquisa da ANPED (Associação Nacional de Pesquisa em Educação) que é um foro para congregar pesquisadores de áreas de conhecimento especializado da educação. Este trabalho investe também na teorização como cultura verbal formativa e referencia-se na macrocientificidade da educação e da linguagem, entre perspectivas filosóficas, culturais e epistemológicas. Conectamos o interesse ao tema currículo e o conceituamos de maneira operacional na investigação, propondo uma gama de aportes e questionamentos à epistemologia da educação. Teorizamos ao exercitar uma metodologia criada em movimento tensionador da integração dos diversos espaçostempos - como cenários vivos da construção da existência do estudante-professor. Ao transitar por diferentes textos publicados na página da ANPED, encontramos exemplos da noção complexa e multidimensional dos processos de subjetivação. Em contato com o conjunto destes textos, sistematizando e (re)criando categorias escrevemos a experiência em diálogo com autores como Paulo Freire, - a leitura de mundo e a ética da pesquisa participante; Jorge Larrosa, com ensaio, acontecimento e experiência da leitura e escrita e, pesquisadores brasileiros/as que atualmente lecionam, como Carlos Rodrigues Brandão, Pedro Demo, Sílvio Sánchez Gamboa, Marcos Reigota, Tomaz Tadeu da Silva, Alfredo Veiga-Neto, Marisa Vorraber Costa e Carlos Walter Porto-Goncalves. Além das contribuições de textos clássicos em educação, no movimento de estudo aproximamos as teorizações de Karl Marx, Friedrich Nietzsche, e Michel Foucault, convergindo na cosmovisão deste estudo. O trabalho empenhou-se em criar elos textuais entre uma educação multidimensional integradora e a valorização dos processos e meios, aumentando o seu repertório e qualificando o conjunto de conhecimentos nas intenções da teorização. Se há na formação de professores o paradigma do produto, que burocratiza e formaliza, há também o desejo do processo e da mediação. Escrever discursivamente sobre a experiência da linguagem na práxis político-pedagógica da pesquisa professa um âmago de ensaio. Clama por uma ênfase compensatória, ética e estética, nos espaços bancários, dos interesses banqueiros. Desta maneira, busca praxicar a teorização como discursividade, e, com isto, contribuir para uma justiça epistêmica devida à educação, à ciência atual. Uma ciência que não seja neutra ou somente engajada, nos convida a acionar uma pendulação de ênfases em favor das minorias majoritárias. O modelo de inversão e compensação, como esquema axiológico, tem agido na indiferenciação feérica da modernidade ao valorizar contribuições da sabedoria e da cultura que integram o conhecimento científico e, portanto, devem participar do seu destino. Procuramos criar um diálogo com quatro artigos da ANPED, o que nos permitiu construir a contextualização no horizonte ideal das comunidades argumentativas ou de aprendizagem construindo discursividade no cotidiano da práxis pedagógica da pesquisa. Existem conexões e elos que não se encontram visíveis nos produtos, no entanto, formam parte, pois toda produção comunitária, luta pelo reconhecimento histórico e por ensejar substituir paulatinamente a cultura da representação e da heteronomia do ensino transmissor de produtos prontos. O caminho passa pela aprendizagem, avaliação e pela cidadania não consumista. Assim, pode ser o currículo: uma reivindicação do ato de ler, escrever, ler, e viver no espaçotempo do mundo em movimento, para manter, aprender e mudar.