Processos de subjetivação de um professor universitário interpelado pelas marcas identitárias de raça, classe e sexualidade
Resumo
Este trabalho assume a perspectiva de uma genealogia cartográfica, que alia procedimentos do método cartográfico de Deleuze e Guattari e do método genealógico de Foucault. Trata-se de um estudo em que os dados são produzidos e analisados simultaneamente, demonstrando as condições para sua emergência. O objeto de pesquisa a constituição da subjetividade é analisado a partir de situações vividas por um personagem criado como sujeito de pesquisa a partir de minha interlocução com um grupo de amigos, a maioria professores, os quais de várias formas são afetados por situações de discriminação em relação à raça, classe e sexualidade. Neste trabalho, são apresentados alguns discursos normativos que interpelam esse personagem tentando fixá-lo em identidades e posicioná-lo socialmente de acordo com elas. A partir de sua experiência em alguns espaços de formação família, escola, trabalho são discutidas questões referentes às identidades sexuais e raciais. O referencial teórico que fundamenta essas discussões está situado principalmente nos estudos de Foucault, Butler, Certeau e Deleuze. Também são apresentadas as formas como o personagem resiste a esses discursos, constituindo sua subjetividade com e apesar das marcas identitárias a ele atribuídas negro, pobre, gay e ocupando papéis e espaços sociais diferentes daqueles que, de certa forma, são atribuídos a ele pelos discursos normativos. Destaca-se nesta análise o papel da amizade e da astúcia como forças de constituição de táticas de resistência aos discursos normativos, as quais possibilitam a transformação de seus territórios existenciais e de si mesmo.