Condições de trabalho docente no contexto confessional comunitário mercantilizado: um estudo de caso

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Data
2013-07-15Autor
Moraes, Maria Laura Brenner de
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Inúmeras exigências, expectativas e mudanças vêm sendo colocadas ao trabalho docente na educação superior, mais especificamente, da rede privada. O professorado tem sido alvo de uma série de tensões e conflitos, derivados do
processo de mercantilização da educação superior decorrente de seu processo de expansão e diversificação. Nesse contexto, a responsabilização individual dos/as docentes pelo desempenho dos/as discentes e da instituição, o foco na comparação de resultados entre docentes, auxiliam a constituição de um perfil profissional ancorado em performances. Nesse sentido, este estudo analisa as condições do trabalho docente no contexto do Ensino Superior Confessional Comunitário, mais precisamente em uma Universidade Confessional Comunitária, localizada em um
município da Zona Sul do Estado do Rio Grande do Sul. Os dados, aqui disponíveis, foram coletados, basicamente, a partir de três tipos de fontes: questionários individuais, aplicados a uma amostra formada por 28 (vinte e oito) docentes;
entrevistas realizadas com 6 (seis) docentes, escolhidos/as em função de suas trajetórias e particularidades na ocupação docente; e depoimentos escritos de 6 (seis) docentes. Tal procedimento permitiu maior aprofundamento do objetivo da
pesquisa, qual seja: investigar as implicações da adoção de um modelo de gestão empresarial competitivo, nas condições de realização do trabalho docente, no contexto confessional comunitário. A pesquisa empírica demonstrou uma
intensificação mais aguerrida do trabalho docente, seja por meio de aumento e fragmentação de jornadas de trabalho, pela exigência de resultados, e, ainda, pelo maior dispêndio intelectual e emocional. Nota-se, claramente, um alargamento de suas tarefas e responsabilidades junto aos discentes e ao contexto institucional. As condições de realização de trabalho além de serem intensificadas, colonizam os tempos/espaços e subjetividade dos/as docentes, tornando-os responsáveis, tanto pela solução das mazelas institucionais, como pela não diminuição de taxas de matrícula, se possível pelo seu aumento, pela melhoria de rendimento dos/as discentes, evidenciada nas avaliações realizadas pelo Estado. A imposição de uma nova cultura administrativa e acadêmica, baseada na utilização combinada das tecnologias de gerencialismo e de performatividade, trouxe consigo a instituição de discursos, capazes de constituírem novos atores sociais. Dessa maneira, os/as docentes são interpelados/as a constituírem-se docentes competentes, criativos/as, inovadores/as, sedutores/as e motivadores dos/as discentes, agora considerados clientes dos serviços educacionais. Isto tudo sob um estado permanente de instabilidade quanto ao futuro de suas vidas profissionais e permanência na instituição.