Fatores associados à conclusão da educação superior por cegos: um estudo a partir de L. S. Vygotski

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Data
2013-03-27Autor
Silva Junior, Bento Selau da
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Mostrar registro completoResumo
Esta tese teve como objetivo descrever como um grupo de cegos explica a sua conclusão da educação superior, identificando os fatores associados a essa conclusão, à luz dos estudos de L. S. Vygotski. Metodologicamente a tese constituiuse em um estudo de natureza qualitativa, assumindo a forma de estudos de casos. A pesquisa contou com a participação de nove sujeitos, selecionados com base nos
seguintes critérios: serem cegos e egressos da educação superior. Os instrumentos para a coleta de dados foram a entrevista e a análise documental. Os dados coletados foram trabalhados por meio da análise textual discursiva. O referencial teórico trouxe informações atinentes à participação de cegos na educação superior; definição dos termos cego e deficiência; influência dos movimentos sociais em prol
dos cegos; inclusão de deficientes na educação superior; presença de obstáculos para a frequência à educação superior por cegos; e ao papel dos professores universitários que trabalham com deficientes visuais. Incluiu a apresentação das
proposições psicológico-pedagógicas sobre a cegueira, oriundas das investigações desenvolvidas por Vygotski no âmbito de sua defectologia, o que implicou em uma
reorganização dos textos do Tomo V de suas Obras Escogidas, para que se pudesse entender melhor as suas propostas em torno da temática. Foram discutidos, ainda, outros conceitos, da teoria histórico-cultural, que se mostraram fundamentais para este trabalho: tomada de consciência, vontade e subjetividade, além dos termos superar e superação, que aparecem no conjunto da defectologia do autor. Os achados da pesquisa foram organizados em quatro categorias
emergentes: Qualidade da educação básica cursada , Dificuldades encontradas , Fatores facilitadores externos e Fatores facilitadores internos . Os resultados indicaram que a qualidade da aprendizagem e da inclusão educacional na educação básica influenciaram a trajetória dos cegos pela educação superior. As dificuldades encontradas durante a frequência à educação superior sobretudo no processo de
seleção para a entrada na universidade , a necessidade de trabalhar/estar empregado durante o período de estudo, as dificuldades relativas à relação com alguns professores, a falta do instrumental tecnológico e de adaptação de materiais,
nas salas de recursos, interferiram no percurso dos sujeitos pelo ensino superior. Foram fatores facilitadores o auxílio recebido fora da universidade e o apoio de alguns professores. As vivências dos cegos na educação básica, as dificuldades e
os fatores facilitadores não se constituíram, todavia, em determinantes para a conclusão do ensino superior; os principais fatores identificados nos dados e interpretados com apoio nos estudos de Vygotski foram os internos (subjetivos): a tomada de consciência e a vontade. Defendeu-se a tese de que a tomada de consciência sobre as discrepâncias entre a realidade vivida e a esperada gerou a vontade de concluir a educação superior, isto é, fatores ligados à subjetividade dos
estudantes, levando o grupo de cegos estudados à consecução desse objetivo.