Educação Física no ensino médio noturno da Região Sul do Rio Grande do Sul: realidade e possibilidades
Resumo
Este estudo teve como objetivo analisar a realidade da Educação Física (EF) no
Ensino Médio noturno (EMN) da Região Sul do RS, projetando como seus
fundamentos pedagógicos deveriam ser constituídos, segundo a visão de seus
professores. Para se estudar o entorno do contexto educacional da Universidade
Federal de Pelotas (UFPel) e contribuir com mudanças na sua zona de influência se
delimitou a pesquisa às escolas situadas nas 12 cidades vinculadas a sua região de
abrangência: Arroio Grande, Canguçu, Capão do Leão, Cerrito, Herval, Jaguarão,
Morro Redondo, Pedro Osório, Pelotas, Piratini, São Lourenço do Sul e Turuçu. De
cunho qualitativo o estudo se utilizou de entrevista semi-estruturada, aplicado-a junto
a quatorze docentes da rede pública estadual de ensino, vinculados ao EMN, com
formação específica em EF. Foram descritos como se encontravam os fundamentos
pedagógicos, delimitados por planejamento, objetivos, competências e habilidades,
conteúdos, procedimentos de ensino, avaliação, materiais e instalações. Delineou-se
aqueles que estavam sendo ministrados (EF real) pelos professores, conjuntamente
à suas projeções a cerca do ideário pedagógico (EF ideal). Pode-se verificar que a
EF real se utiliza de conteúdos desportivo-recreativos, caracterizando-se pela
precariedade de materiais e de instalações, possuindo objetivos e estilos de ensino
que privilegiam a participação do aluno como fim, em detrimento a conteúdos
salutares ou de enriquecimento da cultura corporal discente. O desenvolvimento de
competências e habilidades não acontece de forma consciente, em virtude do
desconhecimento docente. Já Idealmente seriam necessárias melhores instalações,
tanto esportivas, quanto ginásticas, junto a oferta de material necessário a prática da
EF. Finalmente ao docente deveriam ser oportunizadas melhores condições
materiais e instalativas, junto ao estímulo a formação continuada. Questiona-se
ainda a Legislação que torna a EF facultativa para maioria do alunado, privando-o de
conhecimentos teóricos e práticos a cerca da qualidade de vida. Portanto, tendo em
vista as necessidades físico-educativas, compensatórias às diversas atividades
laborais discentes, urge um repensar sobre a função da EF para o EMN.