Transtornos psiquiátricos menores em cuidadores familiares de usuários de Centros de Atenção Psicossocial do sul do Brasil
Abstract
A atual Política de Saúde Mental no Brasil apóia-se na lei 10.216/02 e busca a consolidação de um modelo de atenção à saúde mental aberto, de base comunitária. Ao incentivar a criação de serviços alternativos ao modelo asilar, torna-se evidente a inclusão da família do usuário dos serviços de saúde mental no tratamento, para proporcionar suporte ao usuário bem como para receber cuidados específicos. Cabe
destacar que o cuidado ao portador de transtorno mental pode gerar sobrecarga ao familiar o que pode levar a maior freqüência de problemas relacionados à saúde mental. Estima-se que transtornos relacionados à saúde mental representem 12% da carga global de doenças (OMS, 2001). Este estudo é um subestudo do Projeto CAPSUL. A coleta de dados do subprojeto quantitativo foi realizada em 30 municípios da região sul (Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Parana) por 14
duplas de entrevistadores, no período de maio e junho de 2006. Trata-se de um estudo com delineamento transversal com objetivo geral de determinar a prevalência de transtornos psiquiátricos menores e sua associação com variáveis
sociodemográficas e sobrecarga em familiares cuidadores de usuários de CAPS no sul do Brasil. O desfecho em estudo são os Transtornos Psiquiátricos Menores, aferidos através da versão brasileira do Self Report Questionnaire (SRQ-20) e as
variáveis independentes incluíram características sóciodemográficas, eventos estressores e sobrecarga auto-referida. Entrevistou-se 936 cuidadores. A prevalência de Transtornos Psiquiátricos Menores associou-se com baixa
escolaridade, possuir algum problema de saúde, presença de eventos estressores, ser o único cuidador e sobrecarga auto-referida. O estudo contribui para a avaliação da saúde mental dos cuidadores de usuários de CAPS, identificando padrões de
ocorrência, fatores associados e grupos mais vulneráveis. Também é útil no delineamento de políticas voltadas aos cuidadores de usuários dos serviços de saúde que apresentam doenças crônicas, incluindo intervenções para promoção da
saúde mental, prevenção de riscos e controle dos agravos. Finalmente destaca-se a potencialidade de estudos epidemiológicos abrangentes na avaliação das condições
de saúde dos cuidadores familiares de portadores de alguma patologia e também usuários do Sistema Único de Saúde.