Associação bidirecional entre sibilância e problemas de saúde mental na adolescência: coorte de nascidos vivos de Pelotas, 1993
Abstract
Introdução: vários estudos mostram uma associação entre sibilância e problemas de saúde
mental em crianças e adolescentes. Esta associação pode acontecer bidireccionalmente.
Objetivo: avaliar de forma longitudinal a associação bidirecional entre sibilância e problemas
de saúde mental em adolescentes aos 11 e 15 anos de idade.
Métodos: indivíduos pertencentes à coorte de 1993 da cidade de Pelotas, Brasil, foram
acompanhados aos 11 e 15 anos de idade. A sibilância foi avaliada pela pergunta chiado no
peito nos últimos 12 meses , com base no Estudo Internacional de Asma e Alergias na
Infância (ISAAC). Problemas de saúde mental foram avaliados através do questionário
Strenghts and Difficulties Questionnaire (SDQ) com aplicação da versão para pais. Para a
análise, dividiu-se o total de indivíduos em duas amostras, sendo que em cada uma delas
foram excluídos aqueles adolescentes que apresentavam o desfecho de interesse
(sibilância/problemas de saúde mental) aos 11 anos.
Resultados: na análise bruta para problemas de saúde mental aos 11 anos como preditor de
sibilância aos 15 anos, houve associação estatisticamente significativa para ambos os sexos:
nos meninos [RI=1,64 (IC95% 1,16;2,31), p=0,005], e nas meninas [RI=1,68 (IC95%
1,28;2,19), p<0,001]; após ajuste para as variáveis de confusão, a associação se manteve
somente no sexo feminino [RI=1,66 (IC95% 1,16;2,36), p=0,005]. Quando avaliada a
sibilância aos 11 anos como preditor de problemas de saúde mental aos15 anos, encontrou-se
associação significativa na análise bruta, somente para os meninos [RI=1,49 (IC95%
1,04;2,166), p=0,031].; após ajuste para fatores de confusão, essa associação não se manteve
estatisticamente significativa (p=0,652).
Conclusões: meninas com problemas de saúde mental aos 11 anos têm maior risco de
desenvolver sibilância aos 15 anos.