Estresses abióticos em híbridos de canola: Efeito do alagamento e de baixas temperaturas
Abstract
A canola (Brassica napus L.) pertence à família das Brassicaceae e constitui-se na
terceira oleaginosa mais produzida no mundo, superada apenas pela soja e pela
palma. O alagamento do solo e as baixas temperaturas podem promover alterações
no metabolismo celular e prejudicar o crescimento das plantas, gerando uma
condição de estresse. Foram desenvolvidos dois experimentos utilizando os híbridos
de canola Hyola 43, Hyola 401, Hyola 420 e Hyola 432. O primeiro foi conduzido em
casa de vegetação, onde 10 plantas de cada híbrido foram submetidas a estresse
por alagamento por um período de seis dias. Foram avaliados os parâmetros e as
diferenças na cinética de emissão da fluorescência da clorofila, teor de clorofila, área
foliar e massa seca da parte aérea e raiz. O alagamento promoveu redução da área
foliar, massa seca de raízes e relação massa seca de raiz/massa seca parte aérea
de todos híbridos estudados. Em relação a fluorescência da clorofila foram
identificadas diferenças nos parâmetros relacionados aos fluxos específicos que
sofreram variação em função do estresse sendo esta mais acentuada para Hyola
432. Os índices de performace fotossintéticos (PIABS e PIABS,total) apresentaram
decréscimo ao final de 6 dias de experimento exceto para o híbrido Hyola 420. A
análise da cinética da fluorescência transiente da clorofila a mostrou efeitos
diferenciais da aplicação do estresse nos diferentes locais da maquinaria
fotossintética, sendo estes efeitos menos pronunciados nas plantas do híbrido Hyola
420. No segundo experimento as plantas de canola foram cultivadas em casa de
vegetação sendo o estresse por baixas temperaturas conduzido no Laboratório de
Metabolismo Vegetal. Dez plantas de cada híbrido foram acondicionadas em câmara
de crescimento com ausência de luz por períodos distintos de baixas temperaturas:
1 e 4 horas a 0oC e 1, 4 e 15 horas a 4oC. Avaliaram-se os parâmetros e as
diferenças na cinética de emissão da fluorescência da clorofila a. Os híbridos
apresentaram o mesmo comportamento em relação à fluorescência da clorofila em
resposta ao estresse por baixas temperaturas. Em geral, os parâmetros da
fluorescência da clorofila relacionados à atividade do fotossistema I foram os mais
afetados, sendo que o aumento destes parâmetros resultou em maiores valores de
PIABS,total. A análise da cinética da fluorescência transiente da clorofila a revelou
efeitos da temperatura principalmente no ponto J o qual reflete o acúmulo de
plastoquinona A reduzida (QA
-) e na fase I-P que reflete a redução dos aceptores de
elétrons finais do lado aceptor do FSI, ou seja, ferredoxina (Fd), outros
intermediários e NADP. Conclui-se que as plantas do híbrido Hyola 420 foram
menos afetadas pelas condições de alagamento demonstrando que tal híbrido pode
ser considerado menos sensível a determinado estresse em relação aos demais
híbridos testados. Os parâmetros que envolvem a atividade do FSI bem como a
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fluorescência variável transiente no ponto J foram mais responsivos às condições
impostas pelo estresse por baixas temperaturas.