Radiação gama na indução de variabilidade em cultivares de arroz irrigado
Resumo
O arroz irrigado (Oryza sativa L.) apresenta grande importância econômica e social,
principalmente na região sul do Brasil, fato que estimula a busca por cultivares mais
produtivas e com características agronômicas que atendam as exigências de
mercado. Técnicas de apoio aos programas de melhoramento, como a cultura de
tecidos, transformação genética, uso de marcadores moleculares ou de mutações
induzidas, estão sendo cada vez mais utilizadas. A indução de mutações é
considerada um método alternativo para criar variabilidade genética, sendo o uso de
radiações ionizantes um método eficaz, com o qual foram obtidos mutantes com
características de maior produtividade, precocidade, menor porte, maior resistência
às doenças e pragas em diferentes espécies, os quais são utilizados nos programas
de melhoramento na obtenção de novas cultivares. O presente trabalho teve como
objetivo obter mutantes com características agronômicas superiores, os quais
poderão se transformar em novas cultivares ou servirem para retrocruzamentos nos
programas de melhoramento de arroz. Sementes das cultivares BRS Querência e
BRS Fronteira foram irradiados com doses de 0 (controle), 200, 250, 300 e 350
(sementes com 13% de umidade) e 0 (controle), 50, 100, 150 e 200 Gy (sementes
com 25% de umidade) e posteriormente semeadas, na casa de vegetação, em
bandejas plásticas contendo solo típico da cultura de arroz, cuja umidade foi mantida
através de irrigação manual. As plântulas foram avaliadas quanto à emergência e
índice de velocidade de emergência e aos 14 e 28 dias após a semeadura quanto a
altura, comprimento de raízes, número de folhas e massa seca da parte aérea e das
raízes. Após os 28 DAS as plântulas foram transplantadas para o campo onde
completaram seu ciclo de vida. No campo foram avaliados 36 descritores
morfofisiológicos utilizados em arroz irrigado. Os resultados foram submetidos à
análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey e regressão
polinomial. Nas avaliações realizadas na casa de vegetação, as doses de 300 e 350
Gy afetaram negativamente a germinação e o IVE em sementes irradiadas com 13%
de umidade. Nas sementes com 25% estas variáveis foram reduzidas com 200 Gy.
No campo, o aumento das doses de radiação provocou redução no tamanho das
plantas. Ocorreram também reduções de outros descritores, dependendo da cultivar,
como largura e espessura dos grãos (BRS Querência) e número de grãos/panícula
(BRS Fronteira). Os resultados mostraram que a irradiação afeta vários parâmetros
morfofisiológicos das plantas. Para determinar se estas alterações são positivas ou negativas e se transmitem pela progênie, será necessária a continuidade do trabalho
com as sementes obtidas de cada planta M1.