Padrões de anomalias da temperatura da superfície dos Oceanos Pacífico e Atlântico associados à Radiação de Onda Longa na América do Sul e à precipitação no Brasil.
Resumen
O principal objetivo do estudo foi obter a relação entre anomalias de Temperatura da
Superfície do Mar (TSM) dos Oceanos Pacífico e Atlântico e anomalias de Radiação
de Onda Longa (ROL) na América do Sul (AS) e, além disso, avaliar a relação da
TSM com a precipitação no Brasil. Foram utilizados dados de reanálises de TSM e
ROL do NCEP/NCAR, entre os meses de outubro a março do período de 1982 até
2007, aos quais foi aplicada a técnica estatística de Componentes Principais (CP),
possibilitando o estudo da correlação entre as duas variáveis. Dados de precipitação
de 691 estações no Brasil, obtidos junto ao Instituto Nacional de Meteorologia
(INMET), Agência Nacional de Águas (ANA) e Fundação Estadual de Pesquisa
Agropecuária (FEPAGRO), foram correlacionados com os escores da TSM e usados
na elaboração da climatologia da precipitação no país, que permitiu um
entendimento do regime de chuvas nos períodos de primavera e verão. Por fim, foi
desenvolvido um modelo de previsão da precipitação no Brasil com dois meses de
antecedência, entre dezembro e março, usando como preditores os cinco primeiros
escores da TSM. As correlações entre a CP1 da TSM e a CP1 da ROL mostraram
ser significativas a 1%, em que a CP1 da TSM está relacionada com o padrão
ENOS, apresentando em outubro: intensificação ou desintensificação da convecção
no centro e sul da Argentina; novembro: padrão oposto de anomalias de ROL entre
o Sul do Brasil e a área de atuação da Zona de Convergência do Atlântico Sul
(ZCAS); janeiro: redução ou aumento da convecção no noroeste da AS; dezembro,
fevereiro e março: intensificação ou desintensificação da convecção associada à Alta
da Bolívia e, também, no norte das Regiões Norte e Nordeste do Brasil. Além disso,
em todos os meses do estudo, a CP2 da TSM mostrou no Oceano Atlântico a
indicação de um padrão de dipolo entre o Atlântico Equatorial e Central adjacente à
costa Nordeste do Brasil, e o Atlântico Sul, em latitudes médias. Em outubro,
novembro e março, áreas de anomalias de ROL associadas com um padrão de
ZCAS mais oceânica parecem estar diretamente relacionadas com um forte
gradiente de anomalias de TSM, com anomalias positivas na costa nordeste do
Brasil e negativas na costa Sul-Sudeste do país. Ao relacionar a TSM com a
precipitação no Brasil foram encontrados nos meses de novembro, dezembro e
janeiro, padrões semelhantes aos vistos nas correlações entre a TSM e ROL. Nos
quatro meses em que foi aplicado o modelo de previsão da precipitação, pôde-se
notar que as Regiões Sul e Nordeste do Brasil apresentam os melhores potenciais
para a previsão.