Relação dos principais padrões de oscilação do vento na baixa atmosfera e a temperatura mínima mensal no Rio Grande do Sul
Resumo
O Rio Grande do Sul (RS) apresenta grande amplitude térmica anual
caracterizada por verões quentes e invernos frios, sendo influenciado fortemente por
sistemas atmosféricos de latitudes médias e elevadas. Muitas pesquisas apontam
alterações climáticas na Terra, especialmente no sentido de crescimento anômalo
da temperatura nestas últimas décadas. As grandes variações térmicas interferem
diretamente na produção agrícola, no comércio e no turismo, afetando a economia
da região. Os objetivos principais desta pesquisa foram: Identificar os principais
padrões de velocidade de vento na camada de 850hPa. Esta camada está
ligeiramente acima da superfície, fora da cada limite e, portanto, com pequena
influência dos efeitos urbanos; conhecer a correlação destes padrões de velocidade
do vento com variações das temperaturas mínimas mensais ao longo do ano no RS,
identificar e comparar as funções de ajuste de tendências temporais lineares e não
lineares e relacionar as possíveis influências das grandes oscilações oceânicas do
Pacífico sobre estas variações regionais, especialmente nos períodos extremos.
Para estudar as oscilações atmosféricas foram usados dados em ponto de grade da
velocidade do vento em 850hPa sobre a América do Sul, aos quais foram aplicadas
a técnica de decomposição espectral definida como Componentes Principais. Foram
utilizados dados de temperatura mínima mensal de 24 estações bem distribuídas
espacialmente no RS. Os principais resultados mostraram que os Padrões de
Oscilações Principais da circulação na baixa atmosfera sobre a América do Sul
estão fortemente associados às variações de velocidade do vento nas regiões do
Jato Polar, Jato Subtropical e os ventos Alísios no Pacífico Equatorial. Os Padrões
Principais da velocidade do vento não apresentaram correlações significativas com
as temperaturas mínimas nos meses de março, junho, julho e setembro. Nos demais
meses os coeficientes de correlação foram significativos, especialmente os meses
de janeiro, abril, maio e outubro. A região norte do Estado do RS apresentou destaque nesta relação, sendo os meses de abril e maio os mais significativos. A
tendência temporal das temperaturas mínimas mensais para a estação
meteorológica de Irai mostrou, para todos os meses do ano, maior ajuste para a
função temporal não linear na comparação com a linear. O índice de Oscilação
Decadal do Pacífico apresentou função de ajuste não linear, revelando ser bastante
semelhante aos principais padrões de circulação do vento em 850hPa e aos ajustes
das funções não lineares das temperaturas mínimas em Iraí (RS). Frente às
relações evidentes entre as oscilações da circulação do vento em 850hPa com as
oscilações na superfície do Oceano Pacífico Equatorial/Norte, pode-se esperar que
as tendências das temperaturas mínimas no RS para estas próximas duas décadas
sofram, em média, mais oscilações negativas do que positivas, principalmente nos
meses de verão e outono, apesar de indicar aumento de temperatura no começo de
primavera.