Associação entre gengivite, fatores socioeconômicos e comportamentais em escolares na cidade de Pelotas RS

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Data
2011-07-08Autor
Chiapinotto, Fabiana Amaral
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O objetivo do presente estudo é estimar a prevalência de gengivite em escolares e testar a associação com fatores demográficos, socioeconômicos e comportamentais. O estudo apresentou delineamento transversal de base escolar, realizado na cidade de Pelotas, RS, Brasil. A amostra foi formada por crianças entre 8 a 12 anos de idade de ambos os sexos, de escolas públicas e privadas, selecionadas
aleatoriamente através de um processo de conglomerado em duplo estágio. Os dados foram obtidos por meio de aplicação de questionário semi-estruturado direcionado aos pais e/ou responsáveis e de entrevista e exame clínico odontológico
nos escolares. O diagnóstico de gengivite foi obtido através do Índice de Sangramento Gengival (ISG). Os desfechos foram sangramento gengival e gengivite. As variáveis independentes foram constituídas por características demográficas, socioeconômicas da família e comportamentais das crianças como os cuidados com a saúde bucal, utilização de serviços odontológicos, além das variáveis clínicas. Para a análise estatística os dados foram organizados em um banco de dados, utilizando-se o programa Epi-Data 6.0 sendo, posteriormente, realizada a descrição das freqüências absolutas e relativas. Logo após, as associações entre desfecho e exposições foram testadas utilizando-se análise
bivariada, estimando-se as razões de prevalência e seus intervalos de confiança em 95%. A análise multivariada foi realizada pela Regressão de Poisson com variância robusta e um nível de significância de 5%. A prevalência de sangramento gengival foi de 78,4% (IC95%: 76,1;81,0), a média e a mediana do número de sítios com sangramento gengival foi de 3,10 e 2 (±DP 3,22), respectivamente. A prevalência de gengivite foi de 44,5% (IC95%: 42,3;46,4). Na análise multivariada ajustada, a presença de maior número de sítios com placa teve associação significativa com gengivite [RP 1,89 (IC95%: 1,50;2,37)], crianças cujas mães não tinham estudado, tiveram 55% maior probabilidade de gengivite em relação às mães com ≥ 8 anos de estudo. Crianças pardas apresentaram 39% menor risco de apresentar gengivite [RP
0,61 (IC95%: 0,43;0,85)] comparado às crianças de cor da pele branca. Essas associações foram verificadas após ajuste para outras variáveis como sexo, cor da pele e idade. A considerável prevalência de gengivite relatada nos escolares e os fatores sociais e clínicos associados confirmam a necessidade de haver prioridade no atendimento odontológico quanto às medidas preventivas em idades mais precoces, quando o agravo é reversível e os hábitos saudáveis de higiene bucal são mais bem entendidos e reforçados, levando em conta o papel fundamental que a mãe desempenha neste processo.