Análise da susceptibilidade de Rhipicephalus (Boophilus) microplus aos acaricidas de contato na última década
Abstract
A região da Campanha Gaúcha, constitui-se em um celeiro tradicional da exploração pecuária, de corte e leite, e nesse contexto, o carrapato Rhipicephalus (Boophilus) microplus , é responsável por inúmeras perdas, por seus danos diretos e indiretos. Nos dias atuais, a resistência aos acaricidas, atinge quase todos os princípios ativos disponíveis no mercado, e existe uma carência de dados relativos a este processo, na região em estudo. O objetivo deste estudo, foi conhecer a evolução da susceptibilidade de populações de Riphicephalus (Boophilus) microplus aos princípios ativos para uso em imersão
e aspersão, existentes no mercado, durante a ultima década, na região. Para isto, foram analisadas 439 amostras, de propriedades da região através do teste in vitro de imersão de teleóginas, no Consultório Médico Veterinário (CONSULVET) Bagé/RS. Foram avaliados, os seguintes princípios ativos:
amitraz, associação cipermetrina+ethion, deltametrina e apartir do ano de 2003, uma associação ipermetrina+clorpirifós+citronelal, obtendo-se as
seguintes médias de eficácia: 64,3%, 83,2%, 43,3 e 82,4% respectivamente. Quando avaliadas as amostras com percentuais de eficácia ≥ 95%, obteve-se os seguintes resultados: 1° qüinqüênio ( 2001-2005 ) = 50,7%, 38,2%, 16,0% e 38,8%, já no 2° qüinqüênio( 2006-2010 ) = 24,2%, 41,7%, 4,5% e 48,9% respectivamente. O estudo demonstrou que na região da Campanha do RS, existem populações de R. (B.) microplus resistentes a todos os princípios disponíveis para aplicação por imersão ou aspersão, sendo mais grave a
situação da deltametrina. Também constatou-se que as associações de piretróides com fosforados e citronelal são as formulações mais indicadas na atualidade, uma vez que ocorreu significativa redução dos níveis de eficácia do
amitraz, ao longo dos qüinqüênios, sobretudo no último ano, o que pode ser devido ao uso intensivo desse princípio na região e à lenta seleção de populações resistentes. Evidencia-se, assim, a situação crítica de resistência do carrapato a acaricidas, mesmo em uma região onde o clima permite apenas
três gerações anuais do ectoparasito , e a necessidade de medidas que permitam o uso racional e orientado dos carrapaticidas, além de medidas de manejo e conhecimento sobre a epidemiologia do carrapato na região, a fim de
exercer menor pressão de seleção nas populações, favorecendo a vida útil dos princípios ativos disponíveis no mercado.