Estudo Retrospectivo da Doença de Chagas em doadores de sangue daregião noroeste do Rio Grande do Sul, Brasil
Resumo
A doença de Chagas, descoberta em 1909 por Carlos Chagas, é uma infecção tecidual e hematológica causada pelo protozoário flagelado Trypanosoma cruzi, esse protozoário é transmitido por intermédio do inseto hematófago. Além da
transmissão pelo vetor a infecção parasitária pode ser adquirida pelo homem por outras vias, tais como transfusões sanguíneas, acidentes de laboratório, transplantes de órgãos, transmissão oral através da penetração de tripomastigotas
pela mucosa oral e por via placentária. Embora a transmissão transfusional mostre um declínio após a implementação da triagem de doadores, esta ainda permanece presente, necessitando, portanto, de constante vigilância. Em vista disso, o presente estudo visa descrever,a partir de uma análise retrospectiva, o perfil sorológico para doença de Chagas em doadores de sangue da cidade de Santiago, localizada na região noroeste do estado do Rio Grande do Sul, na qual a endemia figurava em índices elevados em décadas passadas.Para isso foram analisados os resultados
sorológicos de doadores de sangue do Banco de sangue de Santiago durante o período de 2001-2011. Das 10.164 unidades de bolsas de sangue coletadas, com uma média de 1.016 bolsas de sangue por ano, destas 2,68% apresentaram
reatividade para T. cruzi, sendo a primeira causa de descarte de bolsas de sangue. A maior frequência de casos positivos ocorreu em homens, com idade média de 38,84 anos, procedentes da zona urbana do município de Santiago. Com relação aos casos positivos do sexo feminino 25% delas tinham idade inferior a 31 anos. A partir destes resultados constatou-se a presença expressiva de soro-reatividade a T. cruzi entre os doadores da região, sendo mais frequente em homens acima de 30 anos. Embora a triagem sorológica detecte a maioria dos casos positivos para doença de Chagas, isso não inviabiliza totalmente a transmissão via transfusional, fazendo-se importante traçar estratégias epidemiológicas para determinar a principal forma de infecção que está ocorrendo na região.