Prevalência de enteroparasitoses na população atendida em uma creche pública do Rio Grande, RS, e comparação de métodos de diagnósticos para giardíase
Abstract
As enteroparasitoses ainda constituem um importante problema de saúde pública
em crianças no Brasil, com prevalências bastante variáveis, conforme a região e
população avaliada. Estudos com crianças que freqüentam creches são escassos,
entretanto, sabe-se que nestes ambientes, as crianças estão mais expostas as
parasitoses, dentre as quais o protozoário Giardia lamblia que é responsável por quadros
graves de diarréia em crianças e os métodos de rotina utilizados no diagnóstico levam a
muitos casos de falso-negativos. O objetivo deste trabalho foi investigar a prevalência de
enteroparasitos em crianças de uma creche pública do Rio Grande, cidade portuária,
localizada na região sul do estado do Rio Grande do Sul e comparar a técnica de ELISA
(kit comercial Giardia II) com os métodos de centrífugo-flutuação e centrífugo-
sedimentação para o diagnóstico de G. lamblia em fezes de crianças. Primeiramente
foram avaliadas 165 amostras de fezes de processadas pelo método de centrífugo-sedimentação
e centrífugo-flutuação e pelas colorações de tricrômio e de Kinyoun. A
prevalência geral de enteroparasitos foi de 64,2% (106/165). Os nematódeos mais
prevalentes foram Trichuris trichiura (24,2%) e Ascaris lumbricoides (22,4%) e o
protozoário mais prevalente foi G. lamblia (30,3%). Também foram registradas as
presenças dos coccídeos oportunistas Cryptosporidium (2,4%) e Isospora belli (0,6%).
Dentre os positivos, 56,6% (60) apresentaram infecção simples e 43,4% (46) associadas.
Constatou-se também a presença de protozoários não patogênicos, como Entamoeba coli
(15,2%), Endolimax nana (3,6%) e Enteromonas hominis (4,8%), que indicou
contaminação de origem fecal do ambiente. A alta prevalência de nematódeos e
protozoários na população estudada sugere a necessidade de implementação de medidas
educacionais, visando a prevenção destes enteroparasitos. Na avaliação do diagnóstico
comparativo de G. lamblia foi verificado maior positividade para a técnica de ELISA, 57%
(90/158), seguido do método de centrifugo-flutuação, 30,3% (48/158) e centrífugo-sedimentação,
27,8% (44/158). A partir dos resultados obtidos no presente estudo pode-se
concluir que é alta a prevalência de nematódeos e protozoários nas crianças avaliadas
e que a técnica de ELISA para detectar antígenos nas fezes é mais eficiente que os
métodos de centrífugo-flutuação e centrifugo-sedimentação, podendo, portanto, ser
utilizada, tanto no diagnóstico individual como em estudos epidemiológicos da giardíase.