Fenologia e comportamento de parasitoidismo de Spalangia endius Walker, 1839 (Hymenoptera, Pteromalidae) em condições de laboratório
Resumo
Moscas sinantrópicas frequentemente atingem status de praga em áreas urbana e
rural, assumindo um papel importante quanto ao incômodo e capacidade vetorial
para o homem e animais.Portanto, para um controle satisfatório destes dípteros é
necessário conhecer seus inimigos naturais. O sucesso do controle biológico como
uma técnica inserida em um programa de Manejo Integrado de Pragas depende da
avaliação de inimigos, como potenciais agentes para controle biológico, através do
desenvolvimento de técnicas de criação e avaliações em laboratório. Por estas
razões este estudo objetivou conhecer a fenologia de Spalangia endius bem como o
parasitoidismo desta espécie utilizando como hospedeiros M. domestica, Muscina
stabulans e Chrysomya megacephala, sendo as duas últimas potenciais hospedeiros
alternativos. Para realização dos experimentos foram mantidas colônias de S. endius,
M. domestica, M. stabulans e C. megacephala em câmara climatizada, 26ºC ± 2°C, umidade
relativa ≥70% e fotofase de 12 horas. Para conhecer a fenologia de S. endius, 360
pupas de Musca domestica com idade de 24 a 48 horas foram expostas a 15 casais de
S. endius por um período de 48 horas a 26ºC ± 2°C. Estas pupas foram mantidas em
estufa B.O.D nas mesmas condições da câmara de criação, onde diariamente
dissecava-se 15 espécimes para observar o estágio e tempo de desenvolvimento do
himenóptero. A fenologia de S. endius em pupas de M. domestica apresentou um ciclo
de desenvolvimento (ovo-adulto) de 19 a 31 dias, cujo período de incubação foi de
24 horas, o desenvolvimento de larvas de S. endius ocorreu nos 12 dias
subsequentes nos quais, uma série de modificações morfológicas foi observada. O
estágio de pré-pupa deu-se no décimo dia onde cessa a movimentação e inicia a
eliminação de mecônio. O estágio pupal ocorreu em no mínimo oito e máximo 12
dias, finaliza o ciclo com a emergência de machos e cerca de vinte quatro horas
após, há emergência das fêmeas. O parasitoidismo sobre as espécies hospedeiras
foi maior em M. domestica com 63% seguido de M. stabulans e C. megacephala com 27,5%
e 16,5%, respectivamente. As medidas morfométricas confirmaram a preferência por
M. domestica devido ao maior tamanho dos espécimes desenvolvidos neste
hospedeiro. Não houve diferença significativa quanto ao tamanho dos parasitóides
que se desenvolveram em pupas de M. stabulans e C. megacephala bem como não
houve influencia no tamanho do parasitóide em relação ao sexo. Os dados obtidos
sobre o parasitismo de S. endius nos diferentes hospedeiros indicam que nas
condições deste estudo o hospedeiro mais adequado é M. domestica. Com base na
fenologia de S. endius estudos pormenorizados poderão ser conduzidos afim de
aprimorar a criação deste parasitóide em condições de laboratório permitindo
viabilizar o controle biológico de M. domestica bem como de M. stabulans e C.
megacephala.