Acompanhamento clínico, histopatológico e avaliação dos níveis de interleucina 10 de cães com demodicose crônica
Abstract
A demodicose é considerada uma das mais graves dermatopatias que acomete
cães. É causada pela proliferação excessiva do ácaro Demodex canis, comensal da
pele canina. Devido à lesão causada pelo parasita, a pele torna-se predisposta à
instalação de infecções secundárias que agravam o quadro clínico do paciente.
Objetivou - se avaliar a evolução clínica e histopatológica, assim como estudar os
níveis de interleucina -10 sérica em cães portadores de demodicose. Para a primeira
etapa, foram estudados 20 cães, 10 apresentando demodicose (GD) e 10 animais
controle (GC). Todos foram avaliados clinicamente e submetidos a raspado cutâneo
profundo para pesquisa de ácaros. Os animais do GD foram tratados com
moxidectina e avaliados nos dias 0, 20, 40, 60 e 80. Cinco destes animais obtiveram
cura e foram submetidos à biópsia cutânea no dia 0 e no dia 80, para análise das
alterações histopatológicas. Na segunda etapa, foram utilizados 26 animais, 17 no
G1 (portadores de demodicose) e 9 no G2 (cães hígidos). Todos os animais do GD
tiveram raspado positivo para Demodex canis e foram avaliados clinicamente. Foi
feita coleta de sangue para obtenção de soro em todos os animais sendo realizada
dosagem dos níveis de interleucina 10 através do kit comercial Quantikine Canine
IL-10 Immunoassay® (R&D Systems). Os resultados obtidos na primeira etapa,
demonstraram uma melhora clinica considerável e negativação do raspado no GD,
porém em relação ao padrão histopatológico não houve evolução. Quando
comparados os dois aspectos, não houve diferença significativa. O GC apresentou
pele hígida e raspado cutâneo negativo. Já na segunda etapa, os cães do G1
apresentaram escores clínicos altos, indicando severidade da doença. Os níveis de
interleucina 10 no G1 tiveram média de 184,38 pg/ml (+258,9 pg/ml) enquanto o G2
apresentou média igual a 11,94 pg/ml (+ 2,27 pg/ml), indicando que níveis altos de
IL10 podem estar relacionados com o desenvolvimento da doença. Os resultados
demonstraram que mesmo clinicamente curados e com raspado cutâneo negativo,
os cães portadores de demodicose apresentam persistência das lesões e do ácaro
na estrutura histológica da pele, e também que cães com demodicose apresentaram
níveis de interleucina 10 elevados quando comparados com animais sadios.