Determinação de fatores prognósticos para tumores mamários caninos
Resumen
Os neoplasmas mamários são os tumores que mais acometem as cadelas e
representam um problema de grande impacto em medicina veterinária, uma
vez que, quando malignos, implicam em alto índice de mortalidade, devido à
recorrência tumoral ou metástases. O presente trabalho teve como objetivo
avaliar fatores prognósticos de baixo custo e fácil realização na rotina
diagnóstica, capazes de predizer o comportamento biológico desses tumores.
As amostras foram coletadas de 114 cadelas submetidas à exérese cirúrgica
de neoplasmas mamários no período de 2004 a 2008, acompanhadas durante
um período de dois anos após a terapia. Não foram incluídos neste estudo
animais que apresentavam metástases distantes no momento do diagnóstico.
Informações relativas à realização de ovariohisterectomia concomitante à
remoção do neoplasma, ocorrência de recidiva, tempo de evolução do tumor,
idade e porte dos animais foram obtidas através de fichas padrão de
encaminhamento de tumores. As amostras após fixadas em formol a 10%
foram mensuradas, tiveram suas margens de interesse identificadas com tinta
nanquim e foram clivadas sistematicamente de forma que a peça cirúrgica
fosse avaliada de forma completa. Cortes histológicos foram obtidos, corados
com hematoxilina-eosina e avaliados em microscopia de luz. Os parâmetros
avaliados foram: tipo histológico, graduação histológica, estágio histológico,
invasão para tecidos adjacentes, presença de êmbolos neoplásicos em vasos
sanguíneos ou linfáticos, índice mitótico e status das margens cirúrgicas. As
variáveis avaliadas foram comparadas entre si e com o tempo de sobrevida
pós-cirúrgica dos animais. Para avaliação da sobrevida foi utilizado teste de
log-rank e para avaliação das variáveis entre si foi utilizado teste de Kruskall-
Wallis. Os resultados foram apresentados através de curvas de estimativa de
sobrevida de Kaplan-Maier. Os valores foram estatisticamente significativos
quando p<0,05. As seguintes variáveis foram significativamente associadas
com sobrevida: idade no momento do diagnóstico (p=0,004), tamanho do
neoplasma (p<0,000), tipo histológico, graduação histológica (p=0,000), estágio
histológico (p<0,000), invasão para tecidos adjacentes (p=0,033), presença de
êmbolos neoplásicos em vasos sanguíneos ou linfáticos (p=0,000), índice
mitótico (p=0,006) e recidiva ou ocorrência de novos tumores (p=0,034). Porte
dos animais (p=0,591), realização de ovariohisterectomia concomitante a
exérese cirúrgica (p=0,74), tempo de evolução tumoral (p=0,3) e status das
margens cirúrgicas (p=0,369) não apresentaram significância prognóstica.
Adicionalmente, houve correlação estatística significativa entre as seguintes
variáveis: tamanho do neoplasma com graduação histológica (p<0,000),
estágio histológico (p=0,008) e índice mitótico (p=0,002); graduação histológica
com tipo e estágio histológico (ambos p<0,000); e estágio histológico com tipo
histológico e índice mitótico (ambos p<0,000). As variáveis estudadas
associadas significativamente com sobrevida pós-cirúrgica foram úteis na
determinação do prognóstico dos animais. Houve um aumento de
características que indicam malignidade conforme aumenta o tamanho dos
neoplasmas. Os fatores avaliados possuem baixo custo e podem ser realizados com relativa rapidez, devendo ser empregados de forma rotineira por
patologistas veterinários, auxiliando clínicos e cirurgiões nas decisões
terapêuticas para os animais portadores.