Leptina em fêmeas suínas: relação com status reprodutivo e causas de descarte
Abstract
A leptina é um hormônio peptídico multifuncional, produzido primariamente pelo
tecido adiposo, com receptores (Ob-Rs) presentes em órgãos reprodutivos,
hipotálamo e hipófise, que atua na regulação do apetite e no gasto energético, com
potencial influência sobre a expressão da função reprodutiva, na puberdade e após
a lactação. Desordens reprodutivas são as causas mais comuns, atribuídas ao total
dos descartes, entre 30 e 40%. Considerando a alta proporção de descartes por
estes problemas, a avaliação dos órgãos genitais no abate tem importante valor
diagnóstico, auxiliando na identificação do estágio do ciclo estral da fêmea e na
interpretação de possíveis anormalidades reprodutivas. O seu receptor de forma
longa (OBR-b) realiza transdução de sinal em diversos tipos celulares via cascata
das proteínas quinases ativadas por mitógenos (MAPK), tais como ERK 1/2 e p38. A
primeira etapa do trabalho teve por objetivo avaliar a presença da leptina, e das
MAPK nos oócitos de fêmeas suínas púberes e pré-púberes. Envolveu ovários de 10
fêmeas pré-púberes e 10 púberes coletados no abate e lâminas foram analisadas de
oócitos inclusos em folículos primordiais/primários (OIFP), secundários (OIFS) e
terciários (OIFT). Para a técnica de imuno-histoquímica (IHQ) os anticorpos
policlonais instilados foram anti-leptina, anti-phospho- MAPK (ERK 1/2 e p38). A
segunda etapa envolveu 28 porcas púberes descartadas, das quais foram
analisados os neurônios do hipotálamo, glândulas endometriais e oócitos. Para a
IHQ foram utilizados anticorpos policlonais anti-leptina e anti-receptor da leptina e
objetivou comparar as respostas com os dados produtivos e reprodutivos a partir do
registro de cada fêmea. Em ambas as etapas de trabalho foram utilizadas as modas
obtidas pelo aplicativo 16 Bit-Histograma do software Image J®. A imunomarcação
da leptina e a presença de ERK 1/2 ativada MAPK foram mais intensas em oócitos
de porcas (p≤0,05), enquanto que a marcação para p38 MAPK ativada foi mais
intensa em oócitos de leitoas (p=0,05). Em porcas, os OIFP estavam mais
intensamente marcados para a leptina e p38 MAPK (p<0,05), mas para leitoas não
foi observada diferença na marcação dos oócitos independente do estádio folicular.
No hipotálamo a imunomarcação para a leptina foi mais intensa nas porcas
descartadas por problemas reprodutivos (p<0,05). O hipotálamo, útero e oócitos das
porcas que estavam na fase lútea ou fase folicular apresentaram imunomarcação
para leptina e OBR-b mais acentuada que naquelas que possuíam cistos ovarianos.
A imunomarcação para a leptina foi mais acentuada no hipotálamo e útero daquelas
porcas do grupo ordem de parto 2 (OP 2-4) (p<0,05). Estes resultados demonstram
que a leptina pode ser um dos marcadores para competência oocitária. Além disso,
pode também ser observado que fêmeas cíclicas com OP 2-4 partos apresentam
imunomarcação mais intensa para leptina no hipotálamo e útero, e OBR-b nos
oócitos e útero. O OBR-b obteve marcação mais acentuada em fêmeas primíparas e
multíparas, que nulíparas. Portanto, a imunomarcação para leptina e OBR-b podem
ser um marcador de sinalização reprodutivo em fêmeas suínas.