Cidade entre muros: caminhografia nas bordas de condomínios fechados de Pelotas
Date
2023-07-21Metadata
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Condomínios fechados, gated communities, bairros fechados e enclaves fortificados residenciais são diferentes nomenclaturas para os loteamentos residenciais envoltos por muros e cercas e de acesso controlado. Ao contrário dos loteamentos
convencionais que devem doar parte de sua área ao poder público para uso coletivo da população, os condomínios fechados funcionam como verdadeiras cidades de uso exclusivo dos condôminos, com sistema viário, áreas verdes, espaços de lazer,
câmeras de monitoramento e segurança privada. Por interferirem em questões urbanas importantes, como sistema viário, oferta de infraestrutura urbana, apropriação do espaço público e segregação socioespacial, os condomínios têm causado
mudanças significativas no caráter do espaço urbano. Entre as consequências já observadas, estão a menor interação social, a privatização do espaço público, a homogeneização dos lugares, a procura por uma comunidade de semelhantes e a
perda da vida pública. Diante desse cenário, a investigação dos condomínios assume uma importância particular para a compreensão da cidade contemporânea e a busca por soluções mais saudáveis para a sociedade em geral. Sendo assim, o objetivo geral desta pesquisa consiste em analisar as bordas de condomínios fechados em Pelotas, a fim de compreender e identificar as forças atuantes nesses territórios e que propiciem ampliar a discussão acerca da segregação na cidade contemporânea a partir da experiência sensível. Para alcançar os objetivos gerais e específicos da pesquisa, foi escolhida Pelotas/RS como ambiente de investigação, cidade que tem experimentado um aumento significativo no número de condomínios horizontais fechados nos últimos anos. A metodologia adotada para a pesquisa é a cartografia urbana sensível, uma forma de pesquisa-intervenção que busca investigar e retratar as diversas camadas de significado presentes nas cidades, levando em consideração as emoções, sensações e subjetividades das pessoas que nelas vivem. Os procedimentos metodológicos utilizados incluem revisão bibliográfica, caminhografia urbana e análise cartográfica. Ao longo do estudo, 4 caminhografias são realizadas ao redor de 7 condomínios fechados de Pelotas, que permitem uma compreensão imersiva do fenômeno investigado e suas dinâmicas. Através dos elementos que compõem essa experiência sensível, em conjunto com as teorias revistas, são
desenvolvidas pistas cartográficas de abertura, subjetividade e coletividade. A intersecção dessas pistas revela os resultados da pesquisa, oferecendo sugestões e reflexões que indicam possíveis direções a serem seguidas.